segunda-feira, 5 de junho de 2017

Netflix, sua linda. Mas nem tanto.

A Netflix é uma empresa jovem, descolada e sabe usar muito bem o a Brand Persona. Constantemente as respostas a comentários nas suas redes sociais são assunto de blogs ou páginas como Catraca Livre e Quebrando o Tabu pela sua atuação junto à luta contra o machismo, LGBTfobia, racismo e afins. Problema nisso? De forma alguma. Vale muito uma empresa minimamente engajada a boas causas àquelas estáticas ou que até prestam desserviços a ela.

Mas quando digo minimamente é minimamente, mesmo. Talvez aquela camada externa microscópica do ovo cozido comparado à gema, onde acontece a verdadeira luta contra o problema.

Esse assunto pipocou por toda internet, desde quando a empresa de streaming anunciou o cancelamento de uma série que, de fato, seria um belo trabalho à causa citada no início. A inesperada ruptura de Sense8 deixou os fãs revoltados, choramingando pra todo lado e criando petições pela volta da série. E até dá pra entender toda essa revolta. Imagina só cancelar, por exemplo, Breaking Bad no fim da segunda temporada.

O que não dá mais é achar que a Netflix é uma empresa “boazinha”, que se preocupa com alguma fobia somente porque hora ou outra lacra com respostas bacanas ou posts engajados.

É a coisa mais básica do capitalismo: A Netflix é uma empresa e precisa de dinheiro. Se seu produto precisou de um imenso investimento, como a série precisou, e não obtive o retorno desejado, sinto muito. É pau, pedra e fim do caminho. No capitalismo, sem lucro não existe luta pela causa.


A partir de agora, seu  ver alguém com essa de “Netflix sua linda, pisa menos”, vou comentar “Querida, para que tá feio".

terça-feira, 25 de outubro de 2016

1000 km e 3 anos depois.

Essa semana completa 3 anos desde que saí do meu estado natal rumo às terras frias do Brasil. Tão certo quanto assoviar Wish You Were Here quando começa a música, é saber que tudo está caminhando bem ou até melhor que o planejado. E o que aprendi e vivenciei nesses 3 anos em Santa Catarina? Ah, meu querido, é um baita lugar pra viver, visse?

Educação em primeiríssimo lugar. Aqui as pessoas são educadas por natureza. Não são abertas a todos como uma família mineira em uma quermesse, mas são cordeais e não dispensam pequenas gentilezas como um bom dia, obrigado e um sorriso, principalmente no atendimento em pequenas empresas. Chamar a pessoa de querido, anjo ou cheiro é absolutamente normal.

As pessoas falam muito. E muito rápido. Pelo menos aqui no litoral, as vezes, numa fila de lotérica, você mal olha pra um cidadão local e ele começa a falar de coisas aleatórias e muito rápido. Um mineiro, acostumado com aquela fala mansa e cantada estranha muito isso. Mas é divertido.

Se embebedar aqui é ótimo. Santa Catarina tem o privilégio de ser um pólo de produção de ótimas cervejas industrias e artesanais e ao mesmo tempo estar próxima a grande produtora de vinho do Brasil: Serra Gaúcha. Eu que nunca fui de tomar vinho me acostumei fácil em ir no mercado e comprar um bom vinho por um preço camarada.

O dialeto é ímpar. A convivência com minha esposa e família é um aprendizado a parte. Os bordões, gírias e sotaque já decorei um por um e aos pouco a pouco absorvo o dialeto também. Por aqui óleo é azeite e azeite é óleo. As vezes esqueço que o nome aquela raiz que comemos é mandioca e não aipim. Entre outras coisas...

Há Profissionais em todo lugar. Você pode ir num petshop ou loja de eletrônicos, é quase certo que conseguirá tirar suas dúvidas sobre qualquer coisa a respeito do que está comprando. Parece que todos atendentes fazem faculdade daquilo que vendem e atendem de forma super profissional.

Onde vamos hoje? Em 3 anos, seja por falta de tempo ou dinheiro, estou muitíssimo longe de conhecer por aqui tudo que pretendo. E não estou falando do estado, mas só da região, mesmo. Santa Catarina é linda e e vou passar a vida toda a descobrindo lugares.

O trânsito é maluco, mas não tão ruim quanto pensam. O pessoal daqui costuma reclamar muito do trânsito. Por um lado tem razão. As cidades não foram projetadas a suportar a quantidade de carros que elas tem agora, o que causa filas e mais filas. As ruas são estreitas, não seguem padrões e é uma bagunça. Mas o que não concordo é que eles pensam que aqui é pior ou tão ruim quanto o resto do Brasil. Não é. Comparando com trânsitos de outros lugares, os motoristas são bem mais cordeais que a média. Catarinenses, não é em todo lugar que eles param pra dar passagem a outros carros ou pedestres, mesmo não estando fora da faixa. Aquela buzinadinha de agradecimento? Só vi aqui.

E o melhor de tudo: adoram mineiros. Não sei como tratam pessoas de outros estados, mas quando falo que sou de Minas Gerais, a reação é sempre positiva. Isso foi um fator crucial pra minha rápida adaptação aqui.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Vou de Uber, cê sabe.

Já chegamos em 2016 e o futuro não é tão divertido quanto aquele que Mart McFly se aventurou em De Volta para o Futuro. Na verdade ele é bem apocalíptico, feito Exterminador do Futuro (aquele com o Christian Bale que ninguém gostou). Nesse futuro comparado ao filme, o vilão, figurado pela liderança ultra-autoritária, é a Internet. A Skynet da vez é nossa querida world wide web.
Calma, vou explicar.
E em toda história sobre autoritarismo, sempre há o papel da resistência. Os famigerados que querem um mundo melhor e lutam por uma vida digna. Sobrou para os serviços que andam perdendo, e feio, para a internet: Taxistas, hotéis, TV a cabo e outros.

No início, a internet era uma via de mão única. Os sites produziam conteúdo e os pioneiros da navegação liam, viam, ouviam, e não interagiam. Até a chegada da internet 2.0 era isso. Meio chato, não?

O conteúdo da internet que somos tão viciados há alguns anos tempo é feito por pessoas para pessoas. Redes sociais, blogs, vídeos do YouTube. O internauta (essa palavra ainda existe?) deixou de ser o expectador e passou a ser o criador de conteúdo. Esse era o conceito da internet 2.0, que também já não é mais novidade.

A tragédia apocalíptica começa há alguns anos. Tal como as máquinas e os seres humanos conviveram muito bem por certo tempo no mundo de John Connor, a internet e as empresas também não viviam um sem a outra. Serviços como hotelaria, recebiam reservas pela internet. Taxistas que não queria ficar parado no ponto tem um aplicativo pra ajudar a conseguir passageiros. Antes, também, a TV a cabo mostrava sua programação e vendia bastante pela internet. Era o auge da convivência quando a internet servia para divulgar ou contatar o serviço.

Mas os tempos mudaram. Mesmo vendo a internet fazer cada vez mais vítimas, as empresas não se importaram e quando pensaram reinar absolutos, a internet se mostra tão forte que é capaz de se alimentar. Se o internauta passou de mero expectador para produtor de conteúdo, hoje ele toma a frente das empresas e passa a prestar serviços. A Skynet é realidade para os hotéis e taxis e sua armas: o AirBnb e Uber, não dão mostra de acabar a munição tão cedo.

Airbnb e Uber são os ícones da insatisfação dos consumidores com serviços cada vez mais caros e, corriqueiramente, insatisfatórios. O primeiro é um aplicativo onde que pessoas oferecem estadia a quem não quer pagar valores absurdos em hotéis, especialmente em épocas sazonais em grandes centros de turismo. O outro, talvez mais famoso e polêmico, cidadãos comuns oferecem serviços de transporte equivalente aos taxis, porém com preços bem mais em conta.

A guerra já começou e dificilmente irá acabar. Donos de hotéis querem a todo custo banir o Airbnb no mapa e os taxistas literalmente estão saindo aos tapas contra o Uber. Seus argumentos até são compreensíveis: eles pagam altas taxas pra prestar seu serviço legalmente nesse país tão cruel com os empreendedores, mas estão reclamando de forma incorreta. O consumidor de taxi e os hóspedes que se submetem ao Airbnb e ao Uber não querem e muitas vezes não podem pagar preços absurdos dos serviços, mesmo que eles sejam justificados pela fatia abocanhada por impostos. O consumidor não culpa do taxista pagar centenas de milhares de reais pra se legalizar. Eles que vão reclamar pra outros, não pro Uber. Reclamem com para os governantes abaixarem impostos, não pra tirar essa ferramenta que alivia tanto a despesas de quem quer se locomover e não quer gastar muito. E olha que nem quero entrar no mérito de que muita gente reclama do serviço porco e desleal dos taxistas das grandes cidades que querem se aproveitar de turistas de forma leviana.

E a cereja do bolo é o Netflix. Vez ou outra as operadoras de TV paga choramingam dizendo que é um serviço desleal. Essa não tem nem porque argumentar contra. Parece piada.


A internet já deve ter seus 20 anos no Brasil e tantos outros no mundo e vem aos poucos acabando com algum serviço ou produto, queira ou não. Matou o CD, a lista telefônica, o jornal, revistas e várias outras coisas que as pessoas não viviam sem nos anos 80 foram caindo no uso. Sempre existirão taxistas legalizados e hotéis credenciados e público pra ambos, porém se não se reinventarem e pararem de choramingar pelos quatros cantos, o destino será um “hasta la vista, baby” de cada vez mais clientes.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Obrigado, meu Gordo e Velho Sol


A última vez que olhei ao relógio no dia 14 de dezembro de 2015 foi às 19:55. Aquela súbita animação e ansiedade minutos antes de estar prestes a ver seu ídolo entrar em palco poucos artistas conseguem proporcionar, pois são raros os pontuais. Mas Gilmour é um legítimo britânico e sua polidez de um bom cavalheiro não deixa ninguém ficar esperando. E eu sabia disso, 5 minutos antes da hora marcada.

Gilmour e sua 'Black Strat' fizeram o público delirar a cada solo (Foto: Giuliano Gomes/PR Press)

A noite nem havia começado, o calor ainda era intenso, e o "Gordo e Velho Sol" já estava no palco pra fazer mais de 20 mil pessoas entediadas gritarem com as mãos (e celulares) pra cima. Uma dos maiores guitarristas de todos os tempos, vestido como sempre, calça jeans e camiseta preta, começa um espetáculo que dificilmente se repetirá no Brasil.

Ao longo do show, Gilmour alternou entre clássicos do Pink Floyd e músicas de sua autoria. A voz do Pink Floyd  já havia tocado duas vezes no Brasil. Quem conhece britânicos sabem que, além de pontuais, eles não são de fazer grandes surpresas em relação setlists ao vivo.

Sem surpresas, assim como em São Paulo, começou com as 3 primeiras músicas do novo disco solo que dá nome a turnê: Rattle That Lock. É compreensível que as músicas de seu trabalho solo não empolguem tanto o público em geral, que talvez nem tenha ouvido o disco que saiu em setembro deste ano ou On Island, de 2007.





Já quem ouviu o excelente álbum algumas (dezenas de) vezes, como eu, cantaram a faixa título do mais recente aos berros, ou tenha ficado com o coração na boca perante Faces The Stone. Já as clássicas, essas sim fizeram a multidão gritar em coro. Wish You Were Here foi a primeira a ser entoada pela Pedreira Paulo Leminsk a ponto de arrepiar o mais frio dos mortais. Algumas do maior clássico da banda: Dark Side of The Moon, Shine On You Crazy Diamond e outras do Division Bell também fizeram muitos acordarem roucos no dia seguinte.

E, quando achava que sabia de cor as músicas daquela noite, Gilmour começa o riff de uma das minhas favoritas e que não havia reparado que também foi tocada em São Paulo. O Gordo e Velho Sol encheu meus olhos de lágrimas ao tocar Fat Old Sun (por ter essa música entre as minhas favoritas que chamo Gilmour de Gordo e Velho Sol). A virada entre a balada e a pegada dessa música era o ápice da noite pra mim. Da época mais psicodélica do Floyd, Gilmour também tocou Astronomy Domine.

David demorou 69 anos pra vir ao Brasil. Mesmo vendo o sucesso de turnês de seu antigo companheiro de Pink Floyd por aqui, por qualquer motivo que seja, nunca fez muita questão de descer ao sul da América. E acredito que não mais voltará. Se voltar, com idade bem mais avançada, também não creio que fará um show da forma como foi. A turnâ Rattle That Lock pode ser uma das últimas chances de ver uma das maiores lendas da música. Tal qual Paul McCarrney, Roger Waters, Bob Dylan, David Bowie e outros que, ainda bem, insistem em não se aposentar, um show não é só um show. É sentir cada acorde de sua poderosa guitarra tremer os ossos e arrepiar sua pele. Ver aquele velho e simpático guitarrista no palco é presenciar a história viva. História que, no dia 14/12/2015, eu presenciei.

Ps. Um grande "vai tomar no cu" pra quem levante o celular pra cima pra filmar shows.
Além de ser grande imbecilidade de pagar R$ 600,00 pra ver o show numa tela, é uma falta de respeito com quem está atrás e não consegue ver por que o celular está tapando a visão.






segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ENEM 2015 - Parabéns aos envolvidos.

É na faculdade que uma pessoa mais aprende a viver do que uma profissão propriamente dita. Muitas vezes é durante o tempo de curso, morando sozinha, que a pessoa enfrenta suas primeiras adversidades. Sente na pele o que é acabar o dinheiro no dia 15 do mês, anda a pé, aprende que Miojo é seu melhor amigo e que a louça suja é seu pior inimigo, entre outras situações que provavelmente ela passará na vida após a faculdade. Pode ser lá também que ela encara o mundo e vê que as pessoas não são iguais, que não amam iguais, não rezam pros mesmos seres divinos, que tem mais ou menos melanina na pele e que somente o suado dinheiro dos pais não é suficiente pra bancar os estudos.

Até então não há curso ou algo parecido que prepare essa pessoa para o verdadeiro aprendizado da faculdade. Se não foi educada ao longo da vida pelos pais que o mundo é assim, com fulanos e cicranos, a faculdade será um grande calvário, já que as cotas sociais e raciais estão aí, queira ou não.

E se o intuito máximo da faculdade não é o aprendizado acadêmico, cai por terra o assombroso e arcaico vestibular. Decorar que o ácido sulfúrico é H2SO4 e saber diferença entre mitose e meiose apenas por saber já não faz tanto sentido, já que, a não ser que o indivíduo seja um químico, biólogo ou algo do gênero, você nunca vai usar isso na prática.

Eis que surge o maior sistema de ingresso ao ensino superior do ocidente: O ENEM 2015. Com questões envolvendo textos sobre a luta feminista, letra de canção afrodescendente, charge de Ziraldo entre outros tópicos que serão discutidos até as Olimpíadas. Mas qual o problema em ser discutido? Se o mundo fosse um arco-íris com o Brasil no fim dele com o pote de ouro, discutir seria inútil, mas há problemas envolvendo a intolerância e eles devem ser discutidos antes por todos antes dos pobres pré-universitários entrarem “crus” na vida acadêmica.

Várias fotos de provas rasuradas circulam pelo Facebook e Twitter. Provas quais o candidato se recusa a responder questão com letra do Pixinguinha, pois, segundo ele, é “macumba”, ou outra que a ignorância não deixa o candidato ler o texto de Simone de Beauvoir além de “ninguém nasce mulher”. O tema da redação é cirúrgico, atual e tem valor altamente social.  Embora a redação avalie apenas o domínio da língua e do assunto em questão, a qual deixa de lado a questão filosófico/social, a discussão gerada em torno do tema da violência contra a mulher é novamente levantada e é isso o grande papel que o ensino deve exercer.


O ENEM 2015 foi, como nunca, um modo de mostrar que a adversidade de gêneros, credos e cores é uma realidade. Quem não está pronto a tolerar isso, quem é contra a discussão do direito da mulher e quem enxerga o mundo como um senhor feudal não está pronto a ingressar numa faculdade onde quem paga são os trilhões de reais arrecadados em impostos por todos os negros, mulheres, umbandistas...  

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A melhor farofa chinesa do mundo

Mesmo me considerando um cozinheiro nota 3, numa escala de 0 ao infinito, costumo a assistir mais programas de culinária do que outra coisa. Gosto de ver jovens chefs levando raios e trovões da ira de Gordo Ramsey, me divirto com o processo de criação dos bolos do Buddy Valastro e vejo muitos chefs amadores suando frio diante a gélida presença de Marco Pierre White.

Esse último, apesar de eu ser viciado, é um reality show que não tem nada de diferente dos outros: Participantes passando por provas de eliminação, muito sofrimento e choro. É tão clichê que até tem a versão MasterChef Brasil, produzida pela Band, com aquela pitada de dramalhão novelesco que todo programa daqui deve ter pra agradar a população.



E foi nesse amontoado de clichês que uma descendente de chineses, a participante Jiang se destaca. O senso comum é pensar que, alguém não tão familiarizado com a cozinha brasileira seria prejudicada. Eita! E não é que é o contrário?

A simpática Jiang se dá muito bem, mesmo preparando pratos com ingredientes que nunca viu na vida. Em certa ocasião, a prova era preparar algo utilizando ingredientes da culinária nordestina. Jiang, que veio de um país onde não existe baião de dois e nem manteiga de garrafa, teoricamente seria prejudicada. Mas, livre das limitações criativas que até os melhores e mais talentosos cozinheiros nordestinos podem ter, a "chinesa" criou uma farofa amplamente elogiada por todos os jurados.

Isso se trata daquele momento em que todo profissional criativo se lembra com carinho: de quando era livre das amarras criativas que o mercado e a profissionalização nos empurra, de quando o processo criativo puro e "inocente" e o aprendizado traziam o combustível para o amor a profissão. Anos depois, quando a criatividade paga as contas, já não existe mais liberdade e estamos amarrados e moldados pelo marcado e pelas pessoas.

Jiang, no seu jeito chinês de ser, envergonhado e com português sofrido, nos mostrou que quando não sabemos que a farofa tem bacon, podemos fazer com nozes e o resultado pode ser muito melhor. Aproveite, garota.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Acaba logo, Under the Dome.


A idéia da série é bem original e desperta interesse, embora a fonte de suas idéias seja bem explícita: Um grupo de pessoas presos a um lugar isolado do mundo, sendo obrigado a conviver entre si e, onde a trama explora seu psicológico, suas habilidades, filosofias, conceitos etc. Não, não estamos falando de Lost. Mas sim de Under the Dome.

Muita gente começa assistir um filme e, por pior que seja, se vê obrigada a terminar só pra ver o final. Eu não sou assim. Quando começo a ver um filme, uma série ou ler um livro que de cara não gosto, já paro logo ali e dane-se o final. Mas com a série Under the Dome foi diferente pra mim. Comecei a ver, não fui gostando, mas quero terminar pra ver do que se trata o foco principal: O que é o maldito domo.

Assim como Lost, onde a curiosidade em saber do que se trata a ilha é o que mais atrai expectadores, Under the Dome tem como principal atração saber o que é, de onde veio e para onde vai o vidro indestrutível que prende a cidade de Chester Mill. Não bastasse isso, o Domo também tem suas “vontades”. Ele quer proteja uma pessoa, mate outra, projeta um objeto e se magoa fácil. A mesma antropomorfização da ilha de Lost aconteceu com o domo.

Mas o principal foco de Lost, Under the Dome passa muito longe de fazer igual: A imersão no psicológico humano. Claro que não é tão viável a comparação, uma vez que Lost teve 121 episódios contra 39 (contando a terceira temporada, que ainda não começou), mas não precisa de muito para notar que os personagens da série são totalmente sem carisma, interpretados por atores insossos. Salvo Dean Norris, que já mostrou por que veio ao mundo em Breaking Bad, o elenco é recheado de atores patéticos e monofacetados. Alguns não mostram poder de atuação nem com a cidade toda tremendo, outro sequer muda de expressão facial na iminência de ser enforcado em praça pública.      
Não bastasse isso, a série força a barra com mistérios que pecam em ser rapidamente (e estranhamento) solucionados, ao mesmo tempo muito arrastados por não terem graça alguma.

Under the Dome tinha tudo pra ser um filme bom, ou uma série de 1 temporada, mas continua se arrastando. Prova disso é a queda brusca de audiência comparando o início da primeira temporada com o fim da segunda. (13,53 mi para 7,52mi).

E, pra minha ingrata surpresa, terá uma terceira temporada. A série que agradeça ao Netflix, pois se tivesse trabalho maior de clicar e assistir, eu jamais passaria do quinto episódio.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Itaipava - Verão, o que faz aqui?



Se questionar um lunático sobre sua saúde mental, dirá ele que sua consciência é sã. Essa é uma premissa da loucura: não ter ciência dela. Quando me coloquei a perguntar se eu estava normal por estranhar uma propaganda de cerveja com mulher de trajes microscópicos, tive certeza que estava. A final, loucos não se questionam sobre falta de sensatez. Eu estou normal, mas e o marketing da Itaipava?

Não sou, nunca fui e duvido que serei adepto ao feminismo militante. Não concordo quando a extremidade de lá bota a culpa dos problemas das mulheres em nós, homens, ou ao sistema patriarcado. Porém, eu não concordar não as tira o direito de se manifestar e dizer o que pensam. E foi numa dessas revoltas feministas qualquer que me mostrou essa campanha da cerveja Itaipava. Mas o que uma mulher, com biquini, sendo assediada por homens na praia enquanto ela busca cerveja tem de mais? Se estivéssemos na década de 80 ou 90, não teria absolutamente nada. Mas, cara, estamos em 2015.

Embora sejam pontos mais do que válidos a refletir, não vou entrar na discussão da desvalorização da mulher, da vulgarização do seu corpo, da futilidade, mas sim em algo que não víamos há anos em um comercial e muito me admira surgir na TV aberta em pleno 2015: a utilização do esteriótipo da gostosona em propagandas de cerveja.

Com exceção a cervejarias de expressão quase nula no mercado, que usam no máximo cartazes em botecos com fotos de mulheres com roupa curta, a publicidade aos poucos vinha deixando de lado bundas e peitos e vem investindo em criatividade. Hoje a Skol esqueceu o "desce redondo" e investe no público jovem, em festas e humor nas suas peças; A Brahma se comunica com o amante do futebol e no orgulho de ser "brameiro; a Bohemia saúda os cervejeiros clássicos; até a Conti tira sarro das camapanhas publicitárias rindo dos seus esteriótipos! São campanhas estratégicas, criativas e muitas vezes de bom gosto que não mais investem em vulgaridade.

E qual o mote da Itaipava? A quem ela se comunica nessa campanha da Verão? Investir naquele que acredita que vai entrar um dia num bar cheio de gostosas dando moral por que ele toma Itaipava. Pra mim é investir na estupidez do seu público-alvo.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

South Park diz: Você é um idiota.



Desenhos animados geralmente são feitos pra crianças deixarem os pais em paz. E como pagamento dessa paz, a criança vai pedir pra comprar bonecos, mochilas e balas desse desenho. Mas não esse.

South Park é um desenho mal feito, mal desenhado, mal dublado, criado nos anos 90 voltado exclusivamente para adultos. Seus traços grosseiros e movimentos ridiculamente animados são únicos. Mas o que torna a criação de Trey Parker e Matt Stone realmente única é seu conteúdo.

Mas o que? O que um desenho sangrento de monte de crianças que só fala palavrão tem de especial?

No início, South Park era de fato um desenho grotesco com histórias rasas que divertiam pelas suas crianças desbocadas ultra politicamente incorretas e, como não poderia deixar de ser, a violência gratuita. Mas nada sobrevive mais de 25 anos com a mesma fórmula. Assim como Os Simpsons, as histórias evoluíram e se tornaram inteligentes. Extremamente inteligentes, a ponto de criar um propósito pra todos nós: Nos lembrar de como somos idiotas.

Os principais personagens de South Park são crianças e, por incrível que pareça, essas que não medem palavras pra ofender ninguém são as mais lúcidas e inteligentes do desenho. Não lúcidas no sentido de serem normais em um mundo de loucos, mas lúcidas de serem inteligentes num mundo de imbecis. Sim, os idiotas em South Park somos nós, os adultos.

Em South Park, as crianças não entendem o mundo ridículo criado por seus pais. Tão ridículo que nós, os espectadores também não entendemos e rimos. Suas manias, seu cotidiano, a forma como falam, trabalham... tudo que é ridículo em South Park é uma caricatura de nós mesmos. No fundo o intuito disso é refletir e ver como somos imbecis e como nosso mundo é imbecil.

O melhor episódio da série, e que melhor ilustra essa análise é o 3º da 16ª temporada: Faith Hilling.
Sinopse:
"A evolução da humanidade começa a acelerar a um ritmo rápido e perturbador. Ao mesmo tempo, outra espécie do planeta está apresentando o mesmo desenvolvimento drástico. Eventualmente, as duas espécies vão lutar até a morte e "Faith Hilling" pode ser a única esperança da humanidade."

O genial dessa sinopse é que ela não diz nada sobre o episódio. Ou diz?
Segue o link pra quem não viu...

http://assistirserieshd.com/south-park-ep-03-temp-016-online.html

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Por que Batman v Superman tem tudo pra ser foda?

Primeiramente, escolhi o título pra ser politicamente correto. Na verdade eu queria "Por que Batman v Superman VAI SER FODA?". Não deixei assim porque sei que, mesmo se for um Dark Knight da vida, vai ter alguém pra discordar e achar uma droga, pois não estamos no mundo do Superman  autoritário e cada um pensa no que bem entender.

Hoje (17 de abril) saiu o primeiro trailer do filme e como não poderia deixar de ser, na internet só se fala disso. Por base de muita fofoca, notícias oficiais e desse trailer, tiro as conclusões sobre o que acho do primeiro embate dos super heróis mais icônicos do mundo.



O início da Liga da Justiça.
O título é Batman v Superman: O Alvorecer da Justiça. Impossível não imaginar que é o primeiro passo pra união dos maiores heróis da DC Comics. E é um puta de um passo, já que, além dos dois que dão título ao filme, vamos ver também o Aquaman e Mulher Maravilha.

"Coadjuvantes"
Claro que a atenção será toda do morcego e do super, mas olha quem está escalado pro filme. Além dos já citados Aquaman e Mulher Maravilha, a careca mais perversa dos quadrinhos também estará presente. Lex Luthor!



Trama de Lex Luthor
Só de imaginar uma trama planejada por Lex Luthor e combatida pelo Batman -os dois maiores gênios da DC- já me arrepia a espinha. O visual sombrio de Gotham e a seriedade do filme me leva a crer que será DO CARALHO.

Visual
Não era novidade esse clima mais sombrio visto no trailer, já que é uma sequência do controverso último filme do homem de aço, mas ver o Batman saindo das sombras de Gotham foi de arrepiar.

Batman
A convocação de Ban Affleck pro Batman foi odiada, execrada, xingada, cuspida... Mas se tem algo que esses meus 28 anos me ensinaram é não criticar nada antes da coisa pronta. Um belo exemplo inclusive foi a escolha de Heath Ledger pra ser o Curinga. O ator tinha acabado de fazer O Segredo de Brokeback Montain e ninguém queria um Curinga que acampava com seu namorado nas montanhas. O resultado nem preciso mencionar...
Não digo que fui um entusiasta na escolha do Affleck, mas uma coisa é certa: Ele tem "cara" de Bruce Wayne. Tem mais corpo e queixo que Bale. O cara tá um monstro no trailer. Digno do Batman de Allan Moore. Corpo e queixo tem, vamos torcer pra ter o talento pro papel.

Batman versus Superman
Devo me curvar a quem criou essa frase pro Batman: "Deixe eu te perguntar, você sangra? Vai sangrar". Creio que não exista um fã de quadrinhos que não xingou mentalmente quando ouviu. Enfim os dois vão sair nos tapas no cinema. Já era tempo! Já vi nos quadrinhos, séries animadas, vídeo game... Faltava um filme e o momento chegou.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Futebol, vá pra casa. Você tá chato.

Ah, os anos 90. Qual fã de futebol nascido de 80 pra trás não sente saudade dos anos 90? Talvez um torcedor algum time que não ganhou nada na década pode não ter o mesmo carinho por ela, mas se lembra de momentos, jogos e jogadores históricos. A Copa de 94, Romário, Evair, Giovani, Túlio Maravilha... O que faz o futebol noventista tão especial não é só a qualidade dos jogadores. Que nada, muitos eram de comuns pra ruins, mas tinham algo que faz uma puta falta no futebol gourmet de hoje: personalidade e irreverência.
O futebol moderninho tem craques velozes, habilidosos, especialistas em esquema táticos, famintos por aperfeiçoar os fundamentos... Blá blá blá. Trocaria ver um jogo no Allianz Arena com Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar por uma pelada num society com Edmundo, Amaral e Júnior Baiano. Sério? Sério. O futebol deixou há tempos de ser divertido ao torcedor. Campeonatos de pontos corridos e bons mocinhos táticos transformaram o esporte mais popular do mundo em algo científico, pomposo e chato. Fiz uma lista do quão especial foram os anos 90 pro futebol:

Copas da Mundo.
As copas de 90 e 94 tiveram seus capítulo que jamais veremos novamente.
A de 90, a água batizada que a Argentina deu ao Brasil. Que genial, que mágico! Imagina só se hoje em dia isso aconteceria. Jamais!
Em 94 a seleção brazuca teve um baixinho (que falarei depois) carregando um time de pedreiros nas costas e deixando o pobre Galvão Bueno rouco de tanto gritar "é tetra". Foi uma copa ímpar: Maradona pego no dopping, Colômbia entrando como uma das favoritas, Bulgária dando trabalho. Sem contar jogadores de pura personalidade cabeluda, como o americano Lalas, os colombianos Higuita (que também falarei depois) e Valderrama.

Jogadores
O que Edmundo, Romário, Túlio Maravilha, Paulo Nunes, Viola, Djalminha e mais outras dezenas que dá até preguiça de pensar tinham em comum? Personalidade e irreverência. Não eram objetos de estudo da ciência, não eram clientes de uma agência de marketing: Eram o espetáculo, a diversão. Sabe quando dizem que mulher não gosta de rapaz bonzinho e prefere os bad-boys? Vale pro futebol. Os politicamente incorretos de 90 que seriam crucificados pelos STJD's do mundo fazem muita falta.

Romário nunca gostou de treinar e mesmo assim foi um dos melhores da história. Tinha faro de gol, deixava pobres jogadores mais vesgos ainda (pobre Amaral) com um drible e ganhou praticamente sozinho uma copa. Hoje o ultra-metrossexual Cristiano Ronaldo vive de treinos, aperfeiçoamento de condição física e olhadas no telão, porém jamais será metade do que o baixinho foi.

Treino? Concentração? Quem precisa disso?


Edmundo parecia tanto um cachorro raivoso que o apelidaram de animal. Era irreverente e não tinha medo de zagueiro de fazenda de 2m. E, claro, era um atacante de extrema eficiência.

Ah, como faz falta esse espetáculo:


Higuita. Quando penso o quanto a personalidade faz falta no futebol, me lembro logo desse colombiano louco. Não houve e duvido muito que haverá um jogador tão irreverente e divertido quanto René Higuita.

Pergunta se o Higuita data entrevista com os olhos cheios de lágrimas depois de uma derrota...



Túlio Maravilha. Só um vídeo resume a esse ícone do futebol (o segundo gol, de calcanhar)


Existem muitos mais noventistas que deixaram saudade. Mas esses 3 mereceram menção honrosa em qualquer lista de ode ao futebol clássico e bom de se ver. Além de personalidade, algumas características futebolísticas também fazem falta: Zagueiros de 1,90m com cara de fome (não esses que tiram foto mostrando língua no Instagram), pra botar medos nos atacantes e meios-campos criativos (Ganso, você era um fio de esperança. Pena que esqueceu de tomar o vermífugo). Também mais carrinhos, chutes pra onde o nariz aponta, dedo no olho, cotovelada na costela, empurra-empurra na área...
Falta mais espetáculo no lugar da ciência. Volta pra casa, futebol.



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Algo sobre BBB, gavetas e perda de memória.

Se lembra quando o Big Brother Brasil era febre nacional e que todo mundo falava dele? Provavelmente não. Mas da fase em que todo mundo odiava e adorava destilar seu ódio contra esse "programa que não agrega em nada à cultura da população" você deve se lembrar. Não faz tanto tempo, talvez há uns 2 anos você lia textos de 10 linhas no Facebook, artigos em blogs de pessoas engajadas a mostrar que sua cultura é um pouco mais elevada que a média desse país atrasado.

Hoje não vemos tanto isso. Mas qual motivo? Big Brother mudou a ponto de ser amado pela intelectualidade popular? Não. O motivo é mais uma das teorias de vida que carrego na vida: A teoria da folha guardada na gaveta. Não me lembro onde li sobre isso, mas como nesse mundo nada se cria e tudo se transforma, fui moldando de acordo com o modo rafaelico de viver.

Se trata de esquecer algo, ou alguma pessoa. A não ser que estejamos falando de de alzheimer, é impossível esquecer alguém que foi importante na sua vida. O tempo cura, a mudança de vida alivia, mas esquecer alguém ou algum momento por completo, jamais. É como você ter consigo uma fotografia que não dê conta de rasgar e nunca poderá jogar fora: você guarda numa gaveta e vai cuidar da vida. A rotina fará não se lembrar da foto 24 horas por dia, mas, com o passar do tempo, as vezes abre a gaveta e a vê, mas não se importa. Olhar já não dói.

Foi assim que o Big Brother passou de amado (não por todos, óbvio) a odiado e agora ele é, para desespero da emissora, ignorado. O "falem bem, falem mal mas falem de mim" já não existe. Some isso ao hábito do ecossistema da internet brasileira de ter o poder de banalizar a crítica exacerbada (não é mais cool nem hipster criticar o BBB) pra vermos, enfim, que o Big Brother tem seus anos contados.
O país não só deixou de odiar os heróis do Pedro Bial, mas o guardou na gaveta.

Ps.: Vi um texto ralo feito sopa de fubá "assinado" pelo Luiz Fernando Veríssimo. Ele JAMAIS escreveu sobre o assunto.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pink Floyd - The Endless River: O canto do cisne.



Mesmo pra quem não é fã, não é novidade o lançamento do novo álbum do Pink Floyd: The Endless River. Foi a bomba musical do ano tanto na mídia especializada, quanto na não tão especializada assim. Meus amigos viam a notícia e me repassavam, loucos pra verem minha reação. O lendário e louco grupo que fez o mundo gritar para os professores deixarem as crianças em paz na década de 80 estava de volta. Ou quase.

De imediato, fiquei eufórico. Não consegui entender como o Pink Floyd conseguiria criar um novo álbum, já que não temos mais o coração que pulsa o sentimento das canções, o tecladista Rick Wright. Tampouco podia imaginar o velho baterista Nick Mason em estúdio. Depois, quando li sobre o que era realmente The Endless River, esfriei os ânimos. O álbum é baseado num apanhado de resquícios de canções, acordes e passagens do seu verdadeiramente último, Division Bell, lançado no longínquo 1994. Tudo principalmente composto pelo já falecido tecladista. Nesse caso, não pude conter meu pressentimento que seria uma espécie de mexidão de domingo, feito com restos do churrasco.

E chegou o dia de ouvir. Baixei o álbum em FLAC, Apaguei as luzes e pluguei o fone de ouvido. Estava ouvindo um álbum inédito da minha banda favorita pela primeira vez... Não quero fazer uma análise minuciosa de cada música, quero apenas expressar o que senti ao fazer algo assim pela primeira fez.

Ouvir os primeiros acordes, os primeiros minutos, a primeira música foi algo absolutamente surreal. Deve ter sido o sentimento de alguém ouvir Shine on You Crazy Diamond pela primeira vez. É único e arrepiante. Um experimentalismo puro e que evoca a necessidade do Pink Floyd em explorar sua genialidade e, ao mesmo tempo, homenagear aqueles que foram tão importantes em criar sua essência. Shine on e as primeiras passagens do álbum são dois belos tributos ao passado. A primeira, ao Syd Barrett, a segunda, a Rick Wright.

Mas confesso que foi só no começo. Com o passar do tempo aquele pressentimento de que o álbum era uma colcha de retalhos se tornou realmente um sentimento. Fique aborrecido, faltava algo. A guitarra de David Gilmour não sobressaia ao excesso de efeitos. Não, eu não gostava do que estava ouvido. Pra piorar, como não quis ler absolutamente nada sobre como seria o disco, não sabia que ele seria totalmente instrumental. A cada segundo eu esperava a voz mágica de Gilmour, que demorou, mas veio apenas em Louder Than Words. Essa sim valeu muito a pena. Surreal, triste, linda. Por mais clichê que possa aparecer: um canto do cisne dessa banda que é uma lenda antes mesmo de acabar.

Um veredito final sobre o que achei do álbum: Não gostei do conjunto pela obra. Algumas passagens são lindas e arrepiantes, remetendo ao bom e velho Pink Floyd experimental dos anos 70. Já outras: muito efeito barato, pouca guitarra que no final mais parecem exercícios de criatividade de Rick Wright.

Ok, Pink Floyd, descanse em paz.



sexta-feira, 4 de julho de 2014

Jim Morrison - Um único único.


Não é tão simples pensar em um ícone máximo do rock, já que é o estilo mais rico e ramificado da música. Mas pensar em ousadia, rebeldia, desdém pelo “moral” e status quo, ou seja, sua essência primordial, é comum lembrar do Rei Lagarto, Jim Morrison.

Jim foi um ícone e, como todo ícone que se preze, é único. Não que signifique que é o mais talentoso da história ou o mais bem sucedido, ele foi um dos únicos únicos de verdade. Daqueles sem precedentes. Não existiu um Doors antes e nada comparável depois de Jim Morrison. (Isso inclui a tentativa de tocar a banda sem ele).

Jim vivia em um mundo só seu. Cantava de olhos fechados, não olhava para as câmeras e nem para o público. A vida autodestrutiva do líder dos Doors o inspirava nas suas letras. Bebedeira, drogas, mulheres eram berrados no palco que muitas vezes sequer o via finalizar o show. Era comum Jim sair carregado de bêbado ou preso pela polícia (facilmente os dois ao mesmo tempo).

Morreu no dia de hoje, 03 de julho de 1971 com a idade de outros ícones da música, aos 27 anos depois de overdose. Dizem que é pouco, mas é um daqueles que viveu em 27 anos muito mais do que a maioria com 80.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Copa das Cop... (título não finalizado)

Algumas objeções sobre a mais polêmica Copa do Mundo de todos os tempos e como você pode deixar de ser um chato por criticar a Copa, a Fifa, o Neymar e a seleção apenas para ser cool:

- A Fifa não impôs a Copa no Brasil. O Brasil foi o único candidato da América do Sul e foi eleito automaticamente.

- A Fifa pediu 9 estádios, não 12.

- Não existe um estatuto que ordena espalhar estádios inúteis pelo país. Construir futuros elefantes brancos em Manaus, Cuiabá e Brasília não foi exigência da Fifa.


-Futebol no Brasil funciona, é rentável. Não é como na Áfria do Sul, onde o futebol é como o basquete para nós. Sabendo administrar, os estádios (exceto os elefantes brancos acima citados) gerarão lucros.

-O Brasil arrecadou, só em 2014, dinheiro pra fazer 5 Copas do Mundo (http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,arrecadacao-recorde-de-impostos-soma-r-123-7-bilhoes-em-janeiro,178518e). Ou seja, desde 2007 não faltou dinheiro pra saúde, educação, alimentação, moradia e tudo que seria mais importante. O que faltou foi saber administrar ou ter vontade de administrar a máquina pública.
-A história do presidente que recusou a Copa há décadas é uma bobagem. Na época o Brasil não era apenas pobre socialmente, como hoje. Era pobre economicamente, também. Portanto, mesmo se ele implorasse de joelhos, o mundial não seria disputado aqui. Além do mais, ele tendo recusando sediar a Copa, alguma coisa melhorou de lá pra cá?
-A Fifa exigiu exonerações de impostos. Alguém tentou dizer não ou abriram de vez as pernas?
-O Brasil não era melhor antes de sediar a Copa e não vejo razão para pensar que se não fosse ela as coisas estariam melhores. Ou você acha que os 20 e tantos bilhões investidos no mundial seriam investidos em educação? Me poupe...
-Sou de pleno acordo e daria meu sangue em manifestações populares, como as de 2013, porém com um intuito diferente: Crucifiquemos a máquina pública por desorganizar um evento desse porte com tanta incompetência e decapitaremos os crápulas que tento empenharam em construir estádios maravilhosos e tem tão pouca vontade em construir hospitais.

Por esses e vários outros motivos não sou contra a Copa, mas sim com o modo idiota que ela foi planejada e o que me revolta é ver que é possível construir maravilhas do futebol em tão pouco tempo enquanto hospitais e escolas agonizam...

domingo, 25 de maio de 2014

Sempre serão tempos de mudança.

Eu, você, seu vizinho, aquela sua tia que compartilha piadas do gatinho no Facebook, todo ser humano normal temos algo em comum: Temos forte resistência a mudanças. E não me venha falar que você não é assim, pois está no fundo do seu psicológico manter o status quo de sua existência.
Veja esse blog, por exemplo. Fazia 5 anos que mantinha os mesmos tudo. Cores, imagens, formas, proporções... Gosto tanto de mudar que até meia hora atrás tinha um link do Orkut ali do lado (que foi substituído por meu portfólio desatualizado). Pra bem ou mal, mudei o quase tudo. O preto e branco não abro mão, já que eu e meu daltonismo nos sentimos confortáveis nele.

Mas o que é mudar a cor do blog perto da verdadeira mudança de vida que tive nos últimos 6 meses? Pra quem não sabe, depois de me formar saí da minha confortável e minúscula cidade na aventura de ganhar a vida no sul do Brasil. O que trouxe comigo? Dinheiro pra não morrer de fome e dormir na rua, roupas que couberam na mala  e 2 grandes companheiros a quem confio os Yakult que guardo na geladeira (a cerveja ainda está em fase de provação).

Foi nessa grande mudança que vi a resistência das pessoas em dar um 90º em suas vidas. Não dá pra contar quantos chamaram a mim e meus companheiros de loucos por largarmos tudo e ir sem rumo pelo país. Quando dizia que estava indo sem emprego em vista e sequer uma casa pra morar era como dizer que estava indo pra um Bar-Mitzvá na Alemanha nazista.

Os motivos de estar aqui hoje são um capítulo a parte, mas sobre mudanças bruscas só digo: Não é fácil, mas se for necessário, é vital. Não sou eu quem vai dar lições de vida pra quem é infeliz, quem fará melhor é Jack Kerouac e Christopher McCandless. Leia On The Road e assita Into the Wild. Verá que a única corrente que te prende é sua apatia.

Ouvindo: Pink Floyd - When You're In

sábado, 14 de dezembro de 2013

Memória. Se existe uma coisa que eu não entendo nesse mundo, é minha memória. Dia desses ainda quero ir a um neuro alguma coisa para poder me explicar como funciona o armazenamento de informações da minha cabeça.

Vamos a alguns exemplos perturbadores. Tenho 108 bandas de música gravadas no meu HD, e dessas, eu sei de onde conheci todas elas. Talvez não saiba exatamente quem me indicou, mas me lembro da situação, do momento. Muitas delas conheci através de pesquisas, e essas eu sei onde achei. Me lembro de cabeça todas as senhas possíveis e imagináveis que eu venha a usar. Seja números ou frases, eu me lembro. Letras de músicas que eu decorei, jamais me esqueço. Canto todas da Legião Urbana, Cazuza, Gabriel Pensador, Leandro e Leonardo... dentre tudo.

“Ok, oh Rafael, o senhor é dotado de uma memória incrível, parabéns.” Não! Minha memória é uma droga. Se você me fala hoje para eu comprar um caldo de feijão, impossível eu me lembrar amanhã. Telefones? Não decoro nem se digitar 50 vezes. Isso pra mim é o inexplicável. Como me lembro do primeiro momento de 90% das pessoas que conheci, mas não me lembro de comprar o arroz pro almoço de amanhã?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Storm Thorgerson - O gênio das capas


O maior elogio a uma criação vindo de mim é: Que drogas esse casa usou? Claro que é sem maldade alguma falar sobre drogas, mas certas obras são tão fantásticas que imagino que o autor precisou de toneladas pra chegar naquele resultado.

Dentre os “drogados”, creio que o que mais questionei sobre catalisadores ilícitos de criatividade foi Storm Thorgerson, falecido no último no último dia 18. Como designer e fã de tantos álbuns quais ele foi responsável pela arte gráfica, senti muito sua morte.

Amigo de infância da banda Pink Floyd, quase todos os álbuns foram dele a autoria da criação das capas. Muitas delas se tornaram as grandes referências para os álbuns, como o “disco da vaca” (Atom Heart Mother) ou do prisma (Dark Side of The Moon).

Assim como a banda, Storm era gênio, ousado e vanguardista. Era ele quem entendia as loucuras do Pink Floyd e transformava todo o conceito dos álbuns em imagem. Seja com vacas, prismas, olhos, o que se via nas capas era sentido ao ouvir o disco.

Embora considere as melhores, suas obras são se restringem apenas ao Pink Floyd. O designer criou as capas de discos para Led Zeppelin, The Mars Volta, Peter Gabriel, Dream Theater, Audioslave, Genesis e muitas, muitas outras.

Escolhi as minhas 3 capas de álbum preferidas, mas se quiser conhecer mais, dê uma olhada no seu site oficial (que é fantástico).

Dream Theater – Falling in to Infinity

Storm não usava fontes criadas por outros artistas, por isso quase nunca os discos não vinham com o nome da banda e quando vinham – como nesse caso – não era a logo oficial. Tinha moral ou não? =)
 
Pink Floyd – Atom Heart Mother











O disco da vaca. Essa capa é tão cultuada entre os fãs de Pink Floyd que até sabemos o nome dela, Lullubelle III.

Alan Parsons - Try Anything Once











Esse é o que mais pergunto: -Que drogas esse cara usa?



sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ummagumma - O queijo mofado com vinho seco.



Ummagumma, ah o Ummagumma. Último álbum no mundo que indicaria a alguém ouvir de imediato, assim, na lata. Sabe aquelas manias que os ricos tem de comer queijo mofado com vinho seco? É parecido com alguém ouvir Ummagumma. É musica de rico pomposo? Não e sim. Qualquer um pode ouvir música e assimilar suas essências, porém o rock progressivo, em si, aos poucos se tornou música para estudiosos e especialistas em música até o punk resolver devolver o rock ao povão.

Mas a comparação do queijo mofado e o vinho seco com Ummagumma vai além do gosto pessoal de quem o prova. Devemos levar em consideração a preparação dos sentidos para entender o que vai ser provado para poder ter discernimento e julgar sua qualidade. Não digo que apenas entender o que se passa no álbum garantirá um nirvana aos ouvintes, porém, tenho absoluta certeza que por chegar até aqui na leitura, você é fã de Pink Floyd e as chances de ter o “paladar auditivo” para o álbum são bem grandes. Enfim, era com você que queria falar.

O ano era 1969, o Pink Floyd já não tinha mais Syd Barret pelos motivos que todos sabem e Ummagumma vinha ser o primeiro álbum oficial da banda sem seu primeiro motor criativo. Até chegarem às suas obras máximas em termos comerciais e criativas, como Dark Side of The Moon, Animals e The Wall, os Floyds ainda teriam uma imensa provação, sendo o Ummagumma a porta de entrada.

O Pink Floyd em 1969 não era a banda que provavelmente o mundo conhece hoje caso o interessado não for a fundo na pesquisa de suas raízes. Roger Waters não mandava em tudo e não criava discos conceituais. Gilmour também não compunha seus solos arrepiantes e o feeling transbordando o vinil só veio alguns anos após, embora esse venha a se destacar no álbum. Ummagumma possui 12 faixas, as quais todas foram compostas por um único membro da banda, o que dá a impressão de que cada um se virou pra fazer sua parte sozinho, sem meter o nariz na composição do outro.

As 4 partes de Sysyphus é um conjunto de solos mal humorados de Rick Wright e uma bateria mais aborrecida ainda. A linda Grantchester Meadows, composta e cantada de Waters, é a primeira música “de verdade” do álbum. É seguida de barulhos de macacos e animais em fúria que o mesmo Waters ousou chamar de música. Já Gilmour, mostra um pouco do que vinha a ser o Pink Floyd nos próximos anos por compor as três The Norrow Way. A primeira é um leve violão; a segunda um pouco mais sombria abusando dos efeitos eletrônicos e a terceira e na última -a melhor música do álbum- enfim mostra sua maravilhosa voz. O álbum acaba com as 3 composições de Nick Mason com solos de bateria mais aborrecidos ainda. Algo mais parecido com passagens de som do que música.

Ummagumma é um álbum sombrio do Pink Floyd. Daqueles esquecidos pela banda que jamais tem suas músicas tocadas ao vivo por nunca se tornarem um hit ou cair no gosto do fãs. Aconselharia fortemente a ouvir tudo da banda, antes e depois, para preparar os ouvidos e a mente e viajar.
Mas Rafael, Ummagumma é bom?
Não sei, você gosta de queijo mofado com vinho seco?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O trigo e a preguiça.


Em uma corte, um acidente com uma carroça espalhou todo o trigo de uma semana de colheita por toda a estrada. O rei, furioso, queria que apenas um súdito recolhesse todo o trigo e levasse à vila. O problema era que a carroça era a única disponível e estava impossibilitada de andar.

O primeiro súdito tentou explicar ao rei que a tarefa era impossível, já que não havia condução e ele não conseguia consertar a carroça. Disse também que um ser humano carregar todo o trigo sozinho era inviável e que não iria fazer. O súdito teve a cabeça arrancada por desobedecer a uma ordem direta do rei.

Foi chamado, então, o homem mais forte e disposto do reino. Mesmo sem saber que o outro súdito havia sido morto por não fazer a tarefa, aceitou de imediato. Como era muito trigo, ele deveria ir e voltar várias vezes a vila. Com muita vontade e o sol escaldante nas costas, o homem não suportou o trabalho e morreu de exaustão.

Desapontado e mais furioso ainda, o rei ordenou a um jovem, que dormia o dia todo em baixo de uma árvore a por fogo no trigo, já que ninguém foi capaz de resolver o problema. No amanhecer, foi informado ao rei que todo o trigo estava na vila, trazido apenas pelo garoto que havia mandando o incendiar. O rei, incrédulo, explicou a situação dos dois homens que haviam sido mortos por não conseguir levar o trigo e perguntou o que ele havia feito.

-Meu Rei, eu sou a pessoa mais preguiçosa da vila, jamais carregaria o trigo nas costas. Porém, uso minha preguiça a meu favor para resolver problemas com o mínimo de esforço e tempo possível. Eu apenas consertei a carroça e trouxe o trigo. Agora, se me dê licença, preciso descansar.