sábado, 6 de novembro de 2010

Alice no País das Maravilhas - A Guerra Fria que não cicatriza

É incrível como os filmes infantis da Disney trazem consigo nuances em que apenas adultos conseguem absorver e refletir. Mesmo assim nem todos, ou poucos. Histórias sobre mensagens subliminares, inclusive, já foram até admitidas pelos criadores de alguns filmes. Já outras, os teóricos da conspiração adoram acreditar que existem e que a Disney é mais um braço esquemático do governo norte americano com o intuito de transformar crianças em adultos precocemente.

Mensagens subliminares da lado, Alice no País das Maravilhas de Tim Burton traz também não é novidade. O cinema hollywoodiano faz isso há décadas: A luta dos Estados Unidos contra a União Soviética, o Capitalismo contra o Socialismo, e claro, o mal a ser combatido pelo bem. Se na Guerra Fria não houve luta armada declarada, nos filmes o que vemos é luta braçal, sangue, ódio. Em Rocky IV (embora não seja da Disney), em sua luta final contra o soviético Ivan Drago, Rocky (Silvester Stalone) não só representou sua pátria usando um calção listrado e a bandeira ianque, ele era todo o ódio de seu país em aniquilar aquele que era seu inimigo, também prestes a explodir.

25 anos depois, com a Guerra Fria terminada, com o capitalismo mais forte do que nunca e prestes a se tornar eterno e com a União Soviética esfacelada reduzida à Rússia, Alice no País das Maravilhas traz de volta a guerra do bem contra o mal, caracterizando suas alegorias com o intuito de regredirmos e termos alusões de que o bem é o capitalismo estadunidense e o mal, tudo aquilo que vem contra.



O vilão da história é uma rainha má, qual não apenas usa roupas e toda a decoração de sua corte de vermelho (cor da União Soviética), mas tem em seu nome sua cor. A Rainha Vermelha representa todo mal do socialismo a ser combatido, como na guerra fria. Sua corte é um jogo de alegorias representado a falida URSS. Com seus protegidos, meras aberrações rejeitadas pelo mundo e seus súditos que a sustenta (literalmente sustentam, as vezes) são submissos e estão sempre prestes a terem suas cabeças cortadas pelo deslize mais pífio possível, tal qual àqueles que seguem um governo socialista. Um governo onde todos são iguais, mas apenas para os que sequer beliscam os calcanhares dos grandes e poderosos.



A Guerra Fria termina justamente como termina a batalha final de Alice no País das Maravilhas. O gagantesco dragão, assim como a gigantesca União Soviética é derrotado, sua cabeça desce rolando a escada como um tijolo do muro de Berlim. A partir daí, os súdios da Rainha Vermelha não são mais obrigados a lhe obedecer, a final, o bem venceu e era ela quem reinaria dalí pra frente.

Mas a final, se os EUA já venceram a guerra há mais de 20 anos, porque trazer à tona todo esse assunto novamente? Acredito que, como no filme, em que Alice volta para combater o mal, os EUA temem que o ele volte. Não necessariamente como o socialismo, mas como algo ideológico parecido. Tudo isso seria um esforço para que, desde já, a população mundial tome um partido favorável a eles.

4 comentários:

Michelle Borges disse...

Gostei do texto. Nunca parei para estabelecer este paralelo com a história da Alice. Mas olha, faz sentido!

Pâmella disse...

"Porque o Rafael Vilela entendeu direitinho a parte do socialismo na historia da Alice! Todos vocês devem dar uma olhada no blog dele!"
Ok, graças a prof, você agora é um popstar. Mas o texto está digno de Rafew.....Ótimo!

Juuh! disse...

pq vc nao usa esse vocabulário tao erudito na faculdade tb? shaushauh

Rafael Vilela disse...

Porque meu vocabulário sai da minha cabeça e vai para os dedos, exclusivamente.