quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pink Floyd - The Endless River: O canto do cisne.



Mesmo pra quem não é fã, não é novidade o lançamento do novo álbum do Pink Floyd: The Endless River. Foi a bomba musical do ano tanto na mídia especializada, quanto na não tão especializada assim. Meus amigos viam a notícia e me repassavam, loucos pra verem minha reação. O lendário e louco grupo que fez o mundo gritar para os professores deixarem as crianças em paz na década de 80 estava de volta. Ou quase.

De imediato, fiquei eufórico. Não consegui entender como o Pink Floyd conseguiria criar um novo álbum, já que não temos mais o coração que pulsa o sentimento das canções, o tecladista Rick Wright. Tampouco podia imaginar o velho baterista Nick Mason em estúdio. Depois, quando li sobre o que era realmente The Endless River, esfriei os ânimos. O álbum é baseado num apanhado de resquícios de canções, acordes e passagens do seu verdadeiramente último, Division Bell, lançado no longínquo 1994. Tudo principalmente composto pelo já falecido tecladista. Nesse caso, não pude conter meu pressentimento que seria uma espécie de mexidão de domingo, feito com restos do churrasco.

E chegou o dia de ouvir. Baixei o álbum em FLAC, Apaguei as luzes e pluguei o fone de ouvido. Estava ouvindo um álbum inédito da minha banda favorita pela primeira vez... Não quero fazer uma análise minuciosa de cada música, quero apenas expressar o que senti ao fazer algo assim pela primeira fez.

Ouvir os primeiros acordes, os primeiros minutos, a primeira música foi algo absolutamente surreal. Deve ter sido o sentimento de alguém ouvir Shine on You Crazy Diamond pela primeira vez. É único e arrepiante. Um experimentalismo puro e que evoca a necessidade do Pink Floyd em explorar sua genialidade e, ao mesmo tempo, homenagear aqueles que foram tão importantes em criar sua essência. Shine on e as primeiras passagens do álbum são dois belos tributos ao passado. A primeira, ao Syd Barrett, a segunda, a Rick Wright.

Mas confesso que foi só no começo. Com o passar do tempo aquele pressentimento de que o álbum era uma colcha de retalhos se tornou realmente um sentimento. Fique aborrecido, faltava algo. A guitarra de David Gilmour não sobressaia ao excesso de efeitos. Não, eu não gostava do que estava ouvido. Pra piorar, como não quis ler absolutamente nada sobre como seria o disco, não sabia que ele seria totalmente instrumental. A cada segundo eu esperava a voz mágica de Gilmour, que demorou, mas veio apenas em Louder Than Words. Essa sim valeu muito a pena. Surreal, triste, linda. Por mais clichê que possa aparecer: um canto do cisne dessa banda que é uma lenda antes mesmo de acabar.

Um veredito final sobre o que achei do álbum: Não gostei do conjunto pela obra. Algumas passagens são lindas e arrepiantes, remetendo ao bom e velho Pink Floyd experimental dos anos 70. Já outras: muito efeito barato, pouca guitarra que no final mais parecem exercícios de criatividade de Rick Wright.

Ok, Pink Floyd, descanse em paz.