quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Live at Pompeii – O Floyd pelo Floyd

Música psicodélica é como berinjela, ou você ama ou odeia (eco). Se você não vê com bons olhos cotoveladas no teclado, cachorros uivando no microfone e guitarras fazendo sons estranhos, pare por aqui.
Live at Pompeii foi um filme da banda de Rock Progressivo Pink Floyd no anfiteatro de Pompéia, destruído pelo vulcão Vesúvio. O que de tão especial tem esse show? Absolutamente nenhum espectador. Novamente, se você conhece Pink Floyd apenas por Another Brick in The Wall, Wish You Where Here e não faz questão de passar disso. Melhor nem continuar.
O ano era 1971, época em que o Pink Floyd ainda buscava uma definição musical de fato desde a saída de Syd Barret. Tinham acabado de lançar Meddle e ainda não haviam gravado Dark Side Of The Moon (1973). Vivam uma transição entre resquícios da psicodelia de Syd Barret e a criação da sua identidade progressiva.
Aqui falarei sobre o DVD Pink Floyd Live At Pompeii – The Director’s Cut. Que além das filmagens originais, conta com entrevistas e outros extras. Destacando a entrevista com Adrian Maben, diretor e idealizador dessa obra sem precedentes no mundo; também raras filmagens dos membros da banda em estúdio na gravação de Dark Side of The Moon. (Destaque para Nick Mason reclamando da torta com crostas). O legal do DVD pára por aí. O show principal foi bastante modificado em relação a versão original, as vezes deixando de mostrar a banda tocando para exibição de imagens de planetas ou coisa parecida. Mas obrigado Adrian Maben, você pensou em mim. Colocou a versão original nos extras com a mesma qualidade de imagem.
Adrian Maben, conta em sua entrevista nos extras, que perguntou a banda se eles aceitaram tocar em playback. Aquilo foi quase um insulto, jamais os Floyd aceitariam fingir que tocam seus instrumentos. Resultado: O mais gigantesco equipamento musical da época transportado para o meio do nada, para o anfiteatro de Pompéia. Habitantes e guias turísticos locais dizem que o equipamento do Pink Floyd era tão potente que causou danos irreparáveis as estruturas do anfiteatro.
Uma das magias desse show é o destaque que cada membro recebe. Diferentemente dos outros em que futuramente Rick Wright e Nick Mason parecem apenas de base para as estrelas de David Gilmour e Roger Waters brilharem ao palco, cenas do tecladista e baterista são amplamente exploradas e fazem parte do que o filme tem de melhor. Dentre as memoráveis, destaco Wright maltratando um teclado com cotoveladas e sopapos, David Gilmour cantando com o cabelo esvoaçando ao vento (versão original, por favor), o dueto de Gilmour e Wright em Echoes, Roger Waters se preparando para “martelar” uma bateria e Nick Mason quebrando sua baqueta.
A partir do primeira nota de Echoes, entusiastas e fãs do inquieto espírito floydiano vêem a música, seu conceito e sua imagem o transportarem a uma nova dimensão do que é música. Aquilo que parece ser uma passagem de som é música. O que parece ser uma pessoa com raiva e maltratando uma bateria é música. Shows de mega bandas levavam dezenas, centenas de milhares de pessoas aos shows e o maior espetáculo do rock progressivo estava vazio. Era a música pela música. A magia pela magia. Floyd pelo Floyd.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Legião Urbana – Análises úteis (ou não).

Mesmo não tão frequentemente como a 5 ou 6 anos atrás, ainda volta e meia me pego ouvindo algumas de minhas músicas preferidas da Legião Urbana, como Metal Contra as Nuvens, Eu Era Um Lobisomem Juvenil, Dezesseis...
Pegando carona na notícia de que Faroeste Caboclo, talvez o grande clássico da banda, irá virar filme em 2011, compilei algumas coisas que reparei nesses longos anos em que ouço Legião Urbana.

- A letra de uma de minhas músicas preferidas, Eu Era Um Lobisomem Juvenil, não passa de um amontoado de frases de efeito que, juntas, não fazem sentido algum. Por exemplo:

Ontem faltou água, anteontem faltou luz
Teve torcida gritando quando a luz voltou
Não falo como você fala, mas veja bem o que você me diz


Isso pode até fazer sentido na cabeça do Renato Russo, mas fica difícil meros mortais entenderem.

- João de Santo Cristo é o nome perfeito para encaixar em uma música com letra tão gigantesca como Faroeste Caboclo. Quando a música exige um nome pequeno, ele usa João. Um nome médio: Santo Cristo e um nome mais extenso ele encaixa João de Santo Cristo. 3 nomes se torna muito útil também para não haver uma cacofonia ao falar da mesma pessoa várias vezes. Simples e muito eficiente.

- Essa é baba, todo mundo já deve saber. Renato Russo expondo ao mundo sua atração pelo mesmo sexo. Fácil de se notar em Meninos e Meninas:

Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
Acho que gosto de São Paulo
Gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninas


E não tão fácil assim em Daniel na Cova dos Leões, onde ele descreve uma relação homossexual. Talvez a primeira.

Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.


- Sem chances. A Legião Urbana era obra única e exclusiva de Renato Russo. Fato é que as evoluções das composições acontecem de acordo com as fases da vida de Renato. O início da banda, ainda com resquícios do Aborto Elétrico, com ideologia e musicalidade punk rock. Com letras voltadas a luta contra um sistema capitalista (Geração Cocal Cola, Que País É Esse?, O Reggae), passando por uma evolução e complexidade musical mais densa e letras “viajadas”, chegando a ter influencias progressivas (Metal Contra As Nuvens, Eu Era Um Lobisomem Juvenil) e, por fim, já sabendo que era portador do HIV e sabendo que morreria em breve, Renato Russo cria canções extremamente melancólicas, tanto em letra quanto melodias. (Todas as músicas do álbum A Tempestade).

Considero, de longe, Legião Urbana a mais bem sucedida banda de rock cantada em português do Brasil. Embora sem composições musicais complexas, elas se mostram bastante eficientes a se tornarem um pano de fundo para o que Renato Russo tentava dizer ao mundo. Às vezes sem tanto sentido explícito, ou sem sentido algum (acredito eu), mas sempre fazendo as pessoas refletirem sobre aquilo que ouviam. Hoje em dia já não é minha banda favorita, mas foi ela que abriu as portas para eu criar uma percepção musical crítica. E isso já me faz um eterno fã.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sinopse No Caminho de Thandara

Mais que um caminho, muito além de uma estrada. Thandara é um portal que divide a vida entre antes e depois de quem o atravessara. Era onde os culpados se redimiam com sua consciência, ou se flagelavam eternamente; onde crianças se tornavam adultas ou se trancafiavam na sua inocência.

Doru viverá uma experiência que marcará profundamente sua vida ao andar pelos sete quilômetros de Thandara. A cada passo, redescobre o sentido da sua vida ao lado de Sara, filha da mulher que ele matara há anos atrás. Um buscando se redimir, e a outra, perdoar.


Agora sim, meu futuro livro tem uma sinopse =]