terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Obrigado, meu Gordo e Velho Sol


A última vez que olhei ao relógio no dia 14 de dezembro de 2015 foi às 19:55. Aquela súbita animação e ansiedade minutos antes de estar prestes a ver seu ídolo entrar em palco poucos artistas conseguem proporcionar, pois são raros os pontuais. Mas Gilmour é um legítimo britânico e sua polidez de um bom cavalheiro não deixa ninguém ficar esperando. E eu sabia disso, 5 minutos antes da hora marcada.

Gilmour e sua 'Black Strat' fizeram o público delirar a cada solo (Foto: Giuliano Gomes/PR Press)

A noite nem havia começado, o calor ainda era intenso, e o "Gordo e Velho Sol" já estava no palco pra fazer mais de 20 mil pessoas entediadas gritarem com as mãos (e celulares) pra cima. Uma dos maiores guitarristas de todos os tempos, vestido como sempre, calça jeans e camiseta preta, começa um espetáculo que dificilmente se repetirá no Brasil.

Ao longo do show, Gilmour alternou entre clássicos do Pink Floyd e músicas de sua autoria. A voz do Pink Floyd  já havia tocado duas vezes no Brasil. Quem conhece britânicos sabem que, além de pontuais, eles não são de fazer grandes surpresas em relação setlists ao vivo.

Sem surpresas, assim como em São Paulo, começou com as 3 primeiras músicas do novo disco solo que dá nome a turnê: Rattle That Lock. É compreensível que as músicas de seu trabalho solo não empolguem tanto o público em geral, que talvez nem tenha ouvido o disco que saiu em setembro deste ano ou On Island, de 2007.





Já quem ouviu o excelente álbum algumas (dezenas de) vezes, como eu, cantaram a faixa título do mais recente aos berros, ou tenha ficado com o coração na boca perante Faces The Stone. Já as clássicas, essas sim fizeram a multidão gritar em coro. Wish You Were Here foi a primeira a ser entoada pela Pedreira Paulo Leminsk a ponto de arrepiar o mais frio dos mortais. Algumas do maior clássico da banda: Dark Side of The Moon, Shine On You Crazy Diamond e outras do Division Bell também fizeram muitos acordarem roucos no dia seguinte.

E, quando achava que sabia de cor as músicas daquela noite, Gilmour começa o riff de uma das minhas favoritas e que não havia reparado que também foi tocada em São Paulo. O Gordo e Velho Sol encheu meus olhos de lágrimas ao tocar Fat Old Sun (por ter essa música entre as minhas favoritas que chamo Gilmour de Gordo e Velho Sol). A virada entre a balada e a pegada dessa música era o ápice da noite pra mim. Da época mais psicodélica do Floyd, Gilmour também tocou Astronomy Domine.

David demorou 69 anos pra vir ao Brasil. Mesmo vendo o sucesso de turnês de seu antigo companheiro de Pink Floyd por aqui, por qualquer motivo que seja, nunca fez muita questão de descer ao sul da América. E acredito que não mais voltará. Se voltar, com idade bem mais avançada, também não creio que fará um show da forma como foi. A turnâ Rattle That Lock pode ser uma das últimas chances de ver uma das maiores lendas da música. Tal qual Paul McCarrney, Roger Waters, Bob Dylan, David Bowie e outros que, ainda bem, insistem em não se aposentar, um show não é só um show. É sentir cada acorde de sua poderosa guitarra tremer os ossos e arrepiar sua pele. Ver aquele velho e simpático guitarrista no palco é presenciar a história viva. História que, no dia 14/12/2015, eu presenciei.

Ps. Um grande "vai tomar no cu" pra quem levante o celular pra cima pra filmar shows.
Além de ser grande imbecilidade de pagar R$ 600,00 pra ver o show numa tela, é uma falta de respeito com quem está atrás e não consegue ver por que o celular está tapando a visão.






segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ENEM 2015 - Parabéns aos envolvidos.

É na faculdade que uma pessoa mais aprende a viver do que uma profissão propriamente dita. Muitas vezes é durante o tempo de curso, morando sozinha, que a pessoa enfrenta suas primeiras adversidades. Sente na pele o que é acabar o dinheiro no dia 15 do mês, anda a pé, aprende que Miojo é seu melhor amigo e que a louça suja é seu pior inimigo, entre outras situações que provavelmente ela passará na vida após a faculdade. Pode ser lá também que ela encara o mundo e vê que as pessoas não são iguais, que não amam iguais, não rezam pros mesmos seres divinos, que tem mais ou menos melanina na pele e que somente o suado dinheiro dos pais não é suficiente pra bancar os estudos.

Até então não há curso ou algo parecido que prepare essa pessoa para o verdadeiro aprendizado da faculdade. Se não foi educada ao longo da vida pelos pais que o mundo é assim, com fulanos e cicranos, a faculdade será um grande calvário, já que as cotas sociais e raciais estão aí, queira ou não.

E se o intuito máximo da faculdade não é o aprendizado acadêmico, cai por terra o assombroso e arcaico vestibular. Decorar que o ácido sulfúrico é H2SO4 e saber diferença entre mitose e meiose apenas por saber já não faz tanto sentido, já que, a não ser que o indivíduo seja um químico, biólogo ou algo do gênero, você nunca vai usar isso na prática.

Eis que surge o maior sistema de ingresso ao ensino superior do ocidente: O ENEM 2015. Com questões envolvendo textos sobre a luta feminista, letra de canção afrodescendente, charge de Ziraldo entre outros tópicos que serão discutidos até as Olimpíadas. Mas qual o problema em ser discutido? Se o mundo fosse um arco-íris com o Brasil no fim dele com o pote de ouro, discutir seria inútil, mas há problemas envolvendo a intolerância e eles devem ser discutidos antes por todos antes dos pobres pré-universitários entrarem “crus” na vida acadêmica.

Várias fotos de provas rasuradas circulam pelo Facebook e Twitter. Provas quais o candidato se recusa a responder questão com letra do Pixinguinha, pois, segundo ele, é “macumba”, ou outra que a ignorância não deixa o candidato ler o texto de Simone de Beauvoir além de “ninguém nasce mulher”. O tema da redação é cirúrgico, atual e tem valor altamente social.  Embora a redação avalie apenas o domínio da língua e do assunto em questão, a qual deixa de lado a questão filosófico/social, a discussão gerada em torno do tema da violência contra a mulher é novamente levantada e é isso o grande papel que o ensino deve exercer.


O ENEM 2015 foi, como nunca, um modo de mostrar que a adversidade de gêneros, credos e cores é uma realidade. Quem não está pronto a tolerar isso, quem é contra a discussão do direito da mulher e quem enxerga o mundo como um senhor feudal não está pronto a ingressar numa faculdade onde quem paga são os trilhões de reais arrecadados em impostos por todos os negros, mulheres, umbandistas...  

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A melhor farofa chinesa do mundo

Mesmo me considerando um cozinheiro nota 3, numa escala de 0 ao infinito, costumo a assistir mais programas de culinária do que outra coisa. Gosto de ver jovens chefs levando raios e trovões da ira de Gordo Ramsey, me divirto com o processo de criação dos bolos do Buddy Valastro e vejo muitos chefs amadores suando frio diante a gélida presença de Marco Pierre White.

Esse último, apesar de eu ser viciado, é um reality show que não tem nada de diferente dos outros: Participantes passando por provas de eliminação, muito sofrimento e choro. É tão clichê que até tem a versão MasterChef Brasil, produzida pela Band, com aquela pitada de dramalhão novelesco que todo programa daqui deve ter pra agradar a população.



E foi nesse amontoado de clichês que uma descendente de chineses, a participante Jiang se destaca. O senso comum é pensar que, alguém não tão familiarizado com a cozinha brasileira seria prejudicada. Eita! E não é que é o contrário?

A simpática Jiang se dá muito bem, mesmo preparando pratos com ingredientes que nunca viu na vida. Em certa ocasião, a prova era preparar algo utilizando ingredientes da culinária nordestina. Jiang, que veio de um país onde não existe baião de dois e nem manteiga de garrafa, teoricamente seria prejudicada. Mas, livre das limitações criativas que até os melhores e mais talentosos cozinheiros nordestinos podem ter, a "chinesa" criou uma farofa amplamente elogiada por todos os jurados.

Isso se trata daquele momento em que todo profissional criativo se lembra com carinho: de quando era livre das amarras criativas que o mercado e a profissionalização nos empurra, de quando o processo criativo puro e "inocente" e o aprendizado traziam o combustível para o amor a profissão. Anos depois, quando a criatividade paga as contas, já não existe mais liberdade e estamos amarrados e moldados pelo marcado e pelas pessoas.

Jiang, no seu jeito chinês de ser, envergonhado e com português sofrido, nos mostrou que quando não sabemos que a farofa tem bacon, podemos fazer com nozes e o resultado pode ser muito melhor. Aproveite, garota.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Acaba logo, Under the Dome.


A idéia da série é bem original e desperta interesse, embora a fonte de suas idéias seja bem explícita: Um grupo de pessoas presos a um lugar isolado do mundo, sendo obrigado a conviver entre si e, onde a trama explora seu psicológico, suas habilidades, filosofias, conceitos etc. Não, não estamos falando de Lost. Mas sim de Under the Dome.

Muita gente começa assistir um filme e, por pior que seja, se vê obrigada a terminar só pra ver o final. Eu não sou assim. Quando começo a ver um filme, uma série ou ler um livro que de cara não gosto, já paro logo ali e dane-se o final. Mas com a série Under the Dome foi diferente pra mim. Comecei a ver, não fui gostando, mas quero terminar pra ver do que se trata o foco principal: O que é o maldito domo.

Assim como Lost, onde a curiosidade em saber do que se trata a ilha é o que mais atrai expectadores, Under the Dome tem como principal atração saber o que é, de onde veio e para onde vai o vidro indestrutível que prende a cidade de Chester Mill. Não bastasse isso, o Domo também tem suas “vontades”. Ele quer proteja uma pessoa, mate outra, projeta um objeto e se magoa fácil. A mesma antropomorfização da ilha de Lost aconteceu com o domo.

Mas o principal foco de Lost, Under the Dome passa muito longe de fazer igual: A imersão no psicológico humano. Claro que não é tão viável a comparação, uma vez que Lost teve 121 episódios contra 39 (contando a terceira temporada, que ainda não começou), mas não precisa de muito para notar que os personagens da série são totalmente sem carisma, interpretados por atores insossos. Salvo Dean Norris, que já mostrou por que veio ao mundo em Breaking Bad, o elenco é recheado de atores patéticos e monofacetados. Alguns não mostram poder de atuação nem com a cidade toda tremendo, outro sequer muda de expressão facial na iminência de ser enforcado em praça pública.      
Não bastasse isso, a série força a barra com mistérios que pecam em ser rapidamente (e estranhamento) solucionados, ao mesmo tempo muito arrastados por não terem graça alguma.

Under the Dome tinha tudo pra ser um filme bom, ou uma série de 1 temporada, mas continua se arrastando. Prova disso é a queda brusca de audiência comparando o início da primeira temporada com o fim da segunda. (13,53 mi para 7,52mi).

E, pra minha ingrata surpresa, terá uma terceira temporada. A série que agradeça ao Netflix, pois se tivesse trabalho maior de clicar e assistir, eu jamais passaria do quinto episódio.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Itaipava - Verão, o que faz aqui?



Se questionar um lunático sobre sua saúde mental, dirá ele que sua consciência é sã. Essa é uma premissa da loucura: não ter ciência dela. Quando me coloquei a perguntar se eu estava normal por estranhar uma propaganda de cerveja com mulher de trajes microscópicos, tive certeza que estava. A final, loucos não se questionam sobre falta de sensatez. Eu estou normal, mas e o marketing da Itaipava?

Não sou, nunca fui e duvido que serei adepto ao feminismo militante. Não concordo quando a extremidade de lá bota a culpa dos problemas das mulheres em nós, homens, ou ao sistema patriarcado. Porém, eu não concordar não as tira o direito de se manifestar e dizer o que pensam. E foi numa dessas revoltas feministas qualquer que me mostrou essa campanha da cerveja Itaipava. Mas o que uma mulher, com biquini, sendo assediada por homens na praia enquanto ela busca cerveja tem de mais? Se estivéssemos na década de 80 ou 90, não teria absolutamente nada. Mas, cara, estamos em 2015.

Embora sejam pontos mais do que válidos a refletir, não vou entrar na discussão da desvalorização da mulher, da vulgarização do seu corpo, da futilidade, mas sim em algo que não víamos há anos em um comercial e muito me admira surgir na TV aberta em pleno 2015: a utilização do esteriótipo da gostosona em propagandas de cerveja.

Com exceção a cervejarias de expressão quase nula no mercado, que usam no máximo cartazes em botecos com fotos de mulheres com roupa curta, a publicidade aos poucos vinha deixando de lado bundas e peitos e vem investindo em criatividade. Hoje a Skol esqueceu o "desce redondo" e investe no público jovem, em festas e humor nas suas peças; A Brahma se comunica com o amante do futebol e no orgulho de ser "brameiro; a Bohemia saúda os cervejeiros clássicos; até a Conti tira sarro das camapanhas publicitárias rindo dos seus esteriótipos! São campanhas estratégicas, criativas e muitas vezes de bom gosto que não mais investem em vulgaridade.

E qual o mote da Itaipava? A quem ela se comunica nessa campanha da Verão? Investir naquele que acredita que vai entrar um dia num bar cheio de gostosas dando moral por que ele toma Itaipava. Pra mim é investir na estupidez do seu público-alvo.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

South Park diz: Você é um idiota.



Desenhos animados geralmente são feitos pra crianças deixarem os pais em paz. E como pagamento dessa paz, a criança vai pedir pra comprar bonecos, mochilas e balas desse desenho. Mas não esse.

South Park é um desenho mal feito, mal desenhado, mal dublado, criado nos anos 90 voltado exclusivamente para adultos. Seus traços grosseiros e movimentos ridiculamente animados são únicos. Mas o que torna a criação de Trey Parker e Matt Stone realmente única é seu conteúdo.

Mas o que? O que um desenho sangrento de monte de crianças que só fala palavrão tem de especial?

No início, South Park era de fato um desenho grotesco com histórias rasas que divertiam pelas suas crianças desbocadas ultra politicamente incorretas e, como não poderia deixar de ser, a violência gratuita. Mas nada sobrevive mais de 25 anos com a mesma fórmula. Assim como Os Simpsons, as histórias evoluíram e se tornaram inteligentes. Extremamente inteligentes, a ponto de criar um propósito pra todos nós: Nos lembrar de como somos idiotas.

Os principais personagens de South Park são crianças e, por incrível que pareça, essas que não medem palavras pra ofender ninguém são as mais lúcidas e inteligentes do desenho. Não lúcidas no sentido de serem normais em um mundo de loucos, mas lúcidas de serem inteligentes num mundo de imbecis. Sim, os idiotas em South Park somos nós, os adultos.

Em South Park, as crianças não entendem o mundo ridículo criado por seus pais. Tão ridículo que nós, os espectadores também não entendemos e rimos. Suas manias, seu cotidiano, a forma como falam, trabalham... tudo que é ridículo em South Park é uma caricatura de nós mesmos. No fundo o intuito disso é refletir e ver como somos imbecis e como nosso mundo é imbecil.

O melhor episódio da série, e que melhor ilustra essa análise é o 3º da 16ª temporada: Faith Hilling.
Sinopse:
"A evolução da humanidade começa a acelerar a um ritmo rápido e perturbador. Ao mesmo tempo, outra espécie do planeta está apresentando o mesmo desenvolvimento drástico. Eventualmente, as duas espécies vão lutar até a morte e "Faith Hilling" pode ser a única esperança da humanidade."

O genial dessa sinopse é que ela não diz nada sobre o episódio. Ou diz?
Segue o link pra quem não viu...

http://assistirserieshd.com/south-park-ep-03-temp-016-online.html

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Por que Batman v Superman tem tudo pra ser foda?

Primeiramente, escolhi o título pra ser politicamente correto. Na verdade eu queria "Por que Batman v Superman VAI SER FODA?". Não deixei assim porque sei que, mesmo se for um Dark Knight da vida, vai ter alguém pra discordar e achar uma droga, pois não estamos no mundo do Superman  autoritário e cada um pensa no que bem entender.

Hoje (17 de abril) saiu o primeiro trailer do filme e como não poderia deixar de ser, na internet só se fala disso. Por base de muita fofoca, notícias oficiais e desse trailer, tiro as conclusões sobre o que acho do primeiro embate dos super heróis mais icônicos do mundo.



O início da Liga da Justiça.
O título é Batman v Superman: O Alvorecer da Justiça. Impossível não imaginar que é o primeiro passo pra união dos maiores heróis da DC Comics. E é um puta de um passo, já que, além dos dois que dão título ao filme, vamos ver também o Aquaman e Mulher Maravilha.

"Coadjuvantes"
Claro que a atenção será toda do morcego e do super, mas olha quem está escalado pro filme. Além dos já citados Aquaman e Mulher Maravilha, a careca mais perversa dos quadrinhos também estará presente. Lex Luthor!



Trama de Lex Luthor
Só de imaginar uma trama planejada por Lex Luthor e combatida pelo Batman -os dois maiores gênios da DC- já me arrepia a espinha. O visual sombrio de Gotham e a seriedade do filme me leva a crer que será DO CARALHO.

Visual
Não era novidade esse clima mais sombrio visto no trailer, já que é uma sequência do controverso último filme do homem de aço, mas ver o Batman saindo das sombras de Gotham foi de arrepiar.

Batman
A convocação de Ban Affleck pro Batman foi odiada, execrada, xingada, cuspida... Mas se tem algo que esses meus 28 anos me ensinaram é não criticar nada antes da coisa pronta. Um belo exemplo inclusive foi a escolha de Heath Ledger pra ser o Curinga. O ator tinha acabado de fazer O Segredo de Brokeback Montain e ninguém queria um Curinga que acampava com seu namorado nas montanhas. O resultado nem preciso mencionar...
Não digo que fui um entusiasta na escolha do Affleck, mas uma coisa é certa: Ele tem "cara" de Bruce Wayne. Tem mais corpo e queixo que Bale. O cara tá um monstro no trailer. Digno do Batman de Allan Moore. Corpo e queixo tem, vamos torcer pra ter o talento pro papel.

Batman versus Superman
Devo me curvar a quem criou essa frase pro Batman: "Deixe eu te perguntar, você sangra? Vai sangrar". Creio que não exista um fã de quadrinhos que não xingou mentalmente quando ouviu. Enfim os dois vão sair nos tapas no cinema. Já era tempo! Já vi nos quadrinhos, séries animadas, vídeo game... Faltava um filme e o momento chegou.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Futebol, vá pra casa. Você tá chato.

Ah, os anos 90. Qual fã de futebol nascido de 80 pra trás não sente saudade dos anos 90? Talvez um torcedor algum time que não ganhou nada na década pode não ter o mesmo carinho por ela, mas se lembra de momentos, jogos e jogadores históricos. A Copa de 94, Romário, Evair, Giovani, Túlio Maravilha... O que faz o futebol noventista tão especial não é só a qualidade dos jogadores. Que nada, muitos eram de comuns pra ruins, mas tinham algo que faz uma puta falta no futebol gourmet de hoje: personalidade e irreverência.
O futebol moderninho tem craques velozes, habilidosos, especialistas em esquema táticos, famintos por aperfeiçoar os fundamentos... Blá blá blá. Trocaria ver um jogo no Allianz Arena com Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar por uma pelada num society com Edmundo, Amaral e Júnior Baiano. Sério? Sério. O futebol deixou há tempos de ser divertido ao torcedor. Campeonatos de pontos corridos e bons mocinhos táticos transformaram o esporte mais popular do mundo em algo científico, pomposo e chato. Fiz uma lista do quão especial foram os anos 90 pro futebol:

Copas da Mundo.
As copas de 90 e 94 tiveram seus capítulo que jamais veremos novamente.
A de 90, a água batizada que a Argentina deu ao Brasil. Que genial, que mágico! Imagina só se hoje em dia isso aconteceria. Jamais!
Em 94 a seleção brazuca teve um baixinho (que falarei depois) carregando um time de pedreiros nas costas e deixando o pobre Galvão Bueno rouco de tanto gritar "é tetra". Foi uma copa ímpar: Maradona pego no dopping, Colômbia entrando como uma das favoritas, Bulgária dando trabalho. Sem contar jogadores de pura personalidade cabeluda, como o americano Lalas, os colombianos Higuita (que também falarei depois) e Valderrama.

Jogadores
O que Edmundo, Romário, Túlio Maravilha, Paulo Nunes, Viola, Djalminha e mais outras dezenas que dá até preguiça de pensar tinham em comum? Personalidade e irreverência. Não eram objetos de estudo da ciência, não eram clientes de uma agência de marketing: Eram o espetáculo, a diversão. Sabe quando dizem que mulher não gosta de rapaz bonzinho e prefere os bad-boys? Vale pro futebol. Os politicamente incorretos de 90 que seriam crucificados pelos STJD's do mundo fazem muita falta.

Romário nunca gostou de treinar e mesmo assim foi um dos melhores da história. Tinha faro de gol, deixava pobres jogadores mais vesgos ainda (pobre Amaral) com um drible e ganhou praticamente sozinho uma copa. Hoje o ultra-metrossexual Cristiano Ronaldo vive de treinos, aperfeiçoamento de condição física e olhadas no telão, porém jamais será metade do que o baixinho foi.

Treino? Concentração? Quem precisa disso?


Edmundo parecia tanto um cachorro raivoso que o apelidaram de animal. Era irreverente e não tinha medo de zagueiro de fazenda de 2m. E, claro, era um atacante de extrema eficiência.

Ah, como faz falta esse espetáculo:


Higuita. Quando penso o quanto a personalidade faz falta no futebol, me lembro logo desse colombiano louco. Não houve e duvido muito que haverá um jogador tão irreverente e divertido quanto René Higuita.

Pergunta se o Higuita data entrevista com os olhos cheios de lágrimas depois de uma derrota...



Túlio Maravilha. Só um vídeo resume a esse ícone do futebol (o segundo gol, de calcanhar)


Existem muitos mais noventistas que deixaram saudade. Mas esses 3 mereceram menção honrosa em qualquer lista de ode ao futebol clássico e bom de se ver. Além de personalidade, algumas características futebolísticas também fazem falta: Zagueiros de 1,90m com cara de fome (não esses que tiram foto mostrando língua no Instagram), pra botar medos nos atacantes e meios-campos criativos (Ganso, você era um fio de esperança. Pena que esqueceu de tomar o vermífugo). Também mais carrinhos, chutes pra onde o nariz aponta, dedo no olho, cotovelada na costela, empurra-empurra na área...
Falta mais espetáculo no lugar da ciência. Volta pra casa, futebol.



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Algo sobre BBB, gavetas e perda de memória.

Se lembra quando o Big Brother Brasil era febre nacional e que todo mundo falava dele? Provavelmente não. Mas da fase em que todo mundo odiava e adorava destilar seu ódio contra esse "programa que não agrega em nada à cultura da população" você deve se lembrar. Não faz tanto tempo, talvez há uns 2 anos você lia textos de 10 linhas no Facebook, artigos em blogs de pessoas engajadas a mostrar que sua cultura é um pouco mais elevada que a média desse país atrasado.

Hoje não vemos tanto isso. Mas qual motivo? Big Brother mudou a ponto de ser amado pela intelectualidade popular? Não. O motivo é mais uma das teorias de vida que carrego na vida: A teoria da folha guardada na gaveta. Não me lembro onde li sobre isso, mas como nesse mundo nada se cria e tudo se transforma, fui moldando de acordo com o modo rafaelico de viver.

Se trata de esquecer algo, ou alguma pessoa. A não ser que estejamos falando de de alzheimer, é impossível esquecer alguém que foi importante na sua vida. O tempo cura, a mudança de vida alivia, mas esquecer alguém ou algum momento por completo, jamais. É como você ter consigo uma fotografia que não dê conta de rasgar e nunca poderá jogar fora: você guarda numa gaveta e vai cuidar da vida. A rotina fará não se lembrar da foto 24 horas por dia, mas, com o passar do tempo, as vezes abre a gaveta e a vê, mas não se importa. Olhar já não dói.

Foi assim que o Big Brother passou de amado (não por todos, óbvio) a odiado e agora ele é, para desespero da emissora, ignorado. O "falem bem, falem mal mas falem de mim" já não existe. Some isso ao hábito do ecossistema da internet brasileira de ter o poder de banalizar a crítica exacerbada (não é mais cool nem hipster criticar o BBB) pra vermos, enfim, que o Big Brother tem seus anos contados.
O país não só deixou de odiar os heróis do Pedro Bial, mas o guardou na gaveta.

Ps.: Vi um texto ralo feito sopa de fubá "assinado" pelo Luiz Fernando Veríssimo. Ele JAMAIS escreveu sobre o assunto.