terça-feira, 25 de outubro de 2016

1000 km e 3 anos depois.

Essa semana completa 3 anos desde que saí do meu estado natal rumo às terras frias do Brasil. Tão certo quanto assoviar Wish You Were Here quando começa a música, é saber que tudo está caminhando bem ou até melhor que o planejado. E o que aprendi e vivenciei nesses 3 anos em Santa Catarina? Ah, meu querido, é um baita lugar pra viver, visse?

Educação em primeiríssimo lugar. Aqui as pessoas são educadas por natureza. Não são abertas a todos como uma família mineira em uma quermesse, mas são cordeais e não dispensam pequenas gentilezas como um bom dia, obrigado e um sorriso, principalmente no atendimento em pequenas empresas. Chamar a pessoa de querido, anjo ou cheiro é absolutamente normal.

As pessoas falam muito. E muito rápido. Pelo menos aqui no litoral, as vezes, numa fila de lotérica, você mal olha pra um cidadão local e ele começa a falar de coisas aleatórias e muito rápido. Um mineiro, acostumado com aquela fala mansa e cantada estranha muito isso. Mas é divertido.

Se embebedar aqui é ótimo. Santa Catarina tem o privilégio de ser um pólo de produção de ótimas cervejas industrias e artesanais e ao mesmo tempo estar próxima a grande produtora de vinho do Brasil: Serra Gaúcha. Eu que nunca fui de tomar vinho me acostumei fácil em ir no mercado e comprar um bom vinho por um preço camarada.

O dialeto é ímpar. A convivência com minha esposa e família é um aprendizado a parte. Os bordões, gírias e sotaque já decorei um por um e aos pouco a pouco absorvo o dialeto também. Por aqui óleo é azeite e azeite é óleo. As vezes esqueço que o nome aquela raiz que comemos é mandioca e não aipim. Entre outras coisas...

Há Profissionais em todo lugar. Você pode ir num petshop ou loja de eletrônicos, é quase certo que conseguirá tirar suas dúvidas sobre qualquer coisa a respeito do que está comprando. Parece que todos atendentes fazem faculdade daquilo que vendem e atendem de forma super profissional.

Onde vamos hoje? Em 3 anos, seja por falta de tempo ou dinheiro, estou muitíssimo longe de conhecer por aqui tudo que pretendo. E não estou falando do estado, mas só da região, mesmo. Santa Catarina é linda e e vou passar a vida toda a descobrindo lugares.

O trânsito é maluco, mas não tão ruim quanto pensam. O pessoal daqui costuma reclamar muito do trânsito. Por um lado tem razão. As cidades não foram projetadas a suportar a quantidade de carros que elas tem agora, o que causa filas e mais filas. As ruas são estreitas, não seguem padrões e é uma bagunça. Mas o que não concordo é que eles pensam que aqui é pior ou tão ruim quanto o resto do Brasil. Não é. Comparando com trânsitos de outros lugares, os motoristas são bem mais cordeais que a média. Catarinenses, não é em todo lugar que eles param pra dar passagem a outros carros ou pedestres, mesmo não estando fora da faixa. Aquela buzinadinha de agradecimento? Só vi aqui.

E o melhor de tudo: adoram mineiros. Não sei como tratam pessoas de outros estados, mas quando falo que sou de Minas Gerais, a reação é sempre positiva. Isso foi um fator crucial pra minha rápida adaptação aqui.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Vou de Uber, cê sabe.

Já chegamos em 2016 e o futuro não é tão divertido quanto aquele que Mart McFly se aventurou em De Volta para o Futuro. Na verdade ele é bem apocalíptico, feito Exterminador do Futuro (aquele com o Christian Bale que ninguém gostou). Nesse futuro comparado ao filme, o vilão, figurado pela liderança ultra-autoritária, é a Internet. A Skynet da vez é nossa querida world wide web.
Calma, vou explicar.
E em toda história sobre autoritarismo, sempre há o papel da resistência. Os famigerados que querem um mundo melhor e lutam por uma vida digna. Sobrou para os serviços que andam perdendo, e feio, para a internet: Taxistas, hotéis, TV a cabo e outros.

No início, a internet era uma via de mão única. Os sites produziam conteúdo e os pioneiros da navegação liam, viam, ouviam, e não interagiam. Até a chegada da internet 2.0 era isso. Meio chato, não?

O conteúdo da internet que somos tão viciados há alguns anos tempo é feito por pessoas para pessoas. Redes sociais, blogs, vídeos do YouTube. O internauta (essa palavra ainda existe?) deixou de ser o expectador e passou a ser o criador de conteúdo. Esse era o conceito da internet 2.0, que também já não é mais novidade.

A tragédia apocalíptica começa há alguns anos. Tal como as máquinas e os seres humanos conviveram muito bem por certo tempo no mundo de John Connor, a internet e as empresas também não viviam um sem a outra. Serviços como hotelaria, recebiam reservas pela internet. Taxistas que não queria ficar parado no ponto tem um aplicativo pra ajudar a conseguir passageiros. Antes, também, a TV a cabo mostrava sua programação e vendia bastante pela internet. Era o auge da convivência quando a internet servia para divulgar ou contatar o serviço.

Mas os tempos mudaram. Mesmo vendo a internet fazer cada vez mais vítimas, as empresas não se importaram e quando pensaram reinar absolutos, a internet se mostra tão forte que é capaz de se alimentar. Se o internauta passou de mero expectador para produtor de conteúdo, hoje ele toma a frente das empresas e passa a prestar serviços. A Skynet é realidade para os hotéis e taxis e sua armas: o AirBnb e Uber, não dão mostra de acabar a munição tão cedo.

Airbnb e Uber são os ícones da insatisfação dos consumidores com serviços cada vez mais caros e, corriqueiramente, insatisfatórios. O primeiro é um aplicativo onde que pessoas oferecem estadia a quem não quer pagar valores absurdos em hotéis, especialmente em épocas sazonais em grandes centros de turismo. O outro, talvez mais famoso e polêmico, cidadãos comuns oferecem serviços de transporte equivalente aos taxis, porém com preços bem mais em conta.

A guerra já começou e dificilmente irá acabar. Donos de hotéis querem a todo custo banir o Airbnb no mapa e os taxistas literalmente estão saindo aos tapas contra o Uber. Seus argumentos até são compreensíveis: eles pagam altas taxas pra prestar seu serviço legalmente nesse país tão cruel com os empreendedores, mas estão reclamando de forma incorreta. O consumidor de taxi e os hóspedes que se submetem ao Airbnb e ao Uber não querem e muitas vezes não podem pagar preços absurdos dos serviços, mesmo que eles sejam justificados pela fatia abocanhada por impostos. O consumidor não culpa do taxista pagar centenas de milhares de reais pra se legalizar. Eles que vão reclamar pra outros, não pro Uber. Reclamem com para os governantes abaixarem impostos, não pra tirar essa ferramenta que alivia tanto a despesas de quem quer se locomover e não quer gastar muito. E olha que nem quero entrar no mérito de que muita gente reclama do serviço porco e desleal dos taxistas das grandes cidades que querem se aproveitar de turistas de forma leviana.

E a cereja do bolo é o Netflix. Vez ou outra as operadoras de TV paga choramingam dizendo que é um serviço desleal. Essa não tem nem porque argumentar contra. Parece piada.


A internet já deve ter seus 20 anos no Brasil e tantos outros no mundo e vem aos poucos acabando com algum serviço ou produto, queira ou não. Matou o CD, a lista telefônica, o jornal, revistas e várias outras coisas que as pessoas não viviam sem nos anos 80 foram caindo no uso. Sempre existirão taxistas legalizados e hotéis credenciados e público pra ambos, porém se não se reinventarem e pararem de choramingar pelos quatros cantos, o destino será um “hasta la vista, baby” de cada vez mais clientes.