terça-feira, 19 de abril de 2011

O vice e o "cof-cof" versa

Imagine um planeta com a atmosfera super poluída onde os habitantes sofram de doenças respiratórias constantemente. Não é qualquer poluição como vemos em grandes metrópoles como as nossas, é algo extremamente nocivo, uma fumaça branca viciante que causa câncer nos pulmões. A única forma de sobrevivência da população desse planeta é inalar cápsulas de ar puro comprado a preços exorbitantes.

Agora imagine o contrário. Um planeta com ar puro, onde a população inala poluição igualmente nociva enrolada em papel comprada a preços exorbitantes por livre e espontânea vontade.
Vocês fumantes são engraçados.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nada tão relevante.

Onde e quando não interessa, apenas era lembrado que ele a amava, porém o sentimento não era recíproco. Confusões de sua mente provocadas por efeitos também não respondidos por volta a troca com outras pessoas e o sentido de tudo se esvai.
Tudo gira em torno de um filho, que as vezes era uma linda menina, outra um garoto sorridente, nunca com mais de 3 anos e menos de 1. Ninguém sabe ao certo como isso acontecia e muito menos se tem idéia de quem eram aquelas duas pessoas que enganavam a eventual mãe da eventual criança.

Quando a criança sumiu, se perdeu completamente a esperança de ser feliz, seja qual pai for. Porém, um alívio no coração era sentido quando se ouvia uma risada infantil de felicidade atrás da janela. “-Ela está viva, ela está viva”. Ele sabia que era ilusão, que aquelas pessoas maldosas pregavam peças nos pais explorando aquele sentimento de amor pelo filho que sequer cabia no coração. “-Não vá, são eles de novo”. Ele sabia que não podia fazer nada, os dois ameaçavam de morte a criança se ele ousasse chegar mais perto ou tentar algo.
Nesse meio tempo, sonhos paralelos iam e vinham como trens em uma estação. Não se tem certeza do que era, quanto tempo durava e muito menos quando ia terminar. Talvez horas, segundos, anos.

E assim, um sonho paralelo pôs sentido em tudo.
Ao voltar para casa, ao ver um daqueles seqüestradores, o agarrou pelo colarinho e, depois de ouvir “Me solte se não mato a criança” disse “Mate” e encravou uma adaga no seu peito. Repetiu a dose no segundo, esse, mais calmo e com a adaga alojada no abdômen, já sabia que ele tinha encontrado o sentido e disse “Você está livre”.
Nada nessa história faz sentido, se tratou de um sonho. Acordei assustado. No sonho, eu sonhei que aquilo tudo era um enigma, que a criança não existia e a matando eu estaria livre pra acordar. A criança não existia, mas o amor não correspondido, quem sabe.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Burocracia - O câncer da sociedade.

Tive uma ótima surpresa ao saber que escrever análises ou resenhas de filmes me renderia algumas horas acadêmicas na faculdade, pois é uma coisa que faço corriqueiramente a troco de nada, no máximo um comentário positivo. Além de ganhar horas acadêmicas, fiquei feliz, por ser uma forma de incentivar o lado crítico dos estudantes, fazê-los enxergar algo além do óbvio que vêem e ter mais discernimento sobre cultura em geral.
Pois bem, minha felicidade acabou ao ler o relatório da "resenha"...



De ótima, a surpresa passou a ser desagradável, terminando em uma imensa frustração e culminando nessa revolta. O que eu pensei que fosse escrever uma análise na verdade é uma espécie de avaliação com cara de prova de 8ª série.

Mais do que um relatório, essa aberração é um monumento à burocracia qual gira em torno das universidades públicas brasileiras, burocracia que nada faz além de sistematizar tudo que vê pela frente e, no fim, transformar os alunos em robôs sem senso crítico cultural, programados para escrever apenas como manda esse relatório ridículo.

Não quero responder perguntas prontas sobre uma resenha. Quero escrever livremente sobre o que entendi. Quero relatar o que senti, quero criticar o sistema, comparar personagens a figuras míticas; fazer crossovers com histórias em quadrinhos, séries de TV, poetas modernistas, tudo que achar pertinente e que se dane se estiver errado, estarei certo só por desenvolver meu lado criativo. Querer eu quero, mas quem poderia me incentivar, já que minha faculdade não faz isso?

É uma pena, mas universidades, que deveriam ser centros de cultura, ciências, esportes e artes estão cada vez mais próximas de fábricas de “profissionais” bitolados com visão de mundo direcionada. Não por esse relatório, ele é apenas um ícone que serviu feito uma luva, mas sim pela sociedade contemporânea aculturada e sem discernimento crítico.

sábado, 9 de abril de 2011

Jornalismo novela brasileiro.

Quem mora em cidade pequena sabe bem o que significa dizer “se torcer o jornal sai sangue”. Em cidades assim, não é muito fácil achar um acontecimento para ser estampado em uma manchete que fará esgotar o jornal nas bancas. Portanto a alternativa é apelar para acidentes, tragédias e crimes. Os grandes veículos, assim como professores de comunicação desdenham esse tipo de jornalismo (se é que se pode chamar isso de jornalismo) que pauta a tragédia nua e crua explorando o lado sádico do ser humano em ter curiosidade em desastres.

Mas, e se isso não estiver fadado apenas a jornalecos de fundo de quintal? Não está.
Hoje já faz dois dias que não leio um jornal, que não entro no UOL, Terra, G1 ou qualquer portal de notícias e que não assisto TV. Exatamente dois dias depois da tragédia da escola do Rio de Janeiro. Coincidência? Longe disso.

Nos portais de notícias, o que pulam às vistas são fotos e notícias de parentes das vítimas em desespero nos funerais. Na última vez que assisti um telejornal, vi um depoimento de uma criança contando como o assassino executava as pobres crianças com detalhes aterrorizantes, seguido de vários relatos de pais sobre como eram seus filhos, suas rotinas, seus sonhos e o doloroso ponto final em suas breves vidas. São coisas extremamente desnecessárias, como fotos e notícias de parentes passando mal, jornalistas imorais quase entrando nas ambulâncias, relato de crianças que, além de não acrescentar nada a ninguém, empobrece o jornalismo brasileiro.

Obviamente se trata de uma tragédia sem precedentes no país, mas como o jornalismo brasileiro trata não só esse, mas qualquer assunto chocante é nojento e covarde. Tudo é transformado em novela explorando ao máximo os sentimentos de pena e compaixão (levemente mais aflorado em brasileiros) a ponto de bitolar o espectador a um dramalhão mexicano da vida real. Se continuarmos assim, o Jornal Nacional passará se chamar novela das 8:15.

Fica aqui o tweet do meu amigo Nilto postado em seu twitter (@niltojunio)

“abutres munidos de filmadoras e microfones rondam as famílias das crianças mortas, ganha mais quem filmar dentro do caixão”