domingo, 18 de novembro de 2012

O gigante que acorda.

Eu não nasci na época errada, o talento que parou no tempo. É isso que penso quando ouço minhas bandas favoritas da década de 60 e 70.

O Led Zeppelin representa todas. John Paul Jones, Robert Plant e Jimmy Page -Led Zeppelin já sem o gênio John Bonham- não se reuniam em um show ao vivo desde o desastroso Live Aid de 1985. De lá pra cá cada um seguiu seu rumo. Page e Plant se reuniam esporadicamente, mas sem mencionar o nome Led Zeppelin.

Em 2007, enfim, o gigante adormecido acordou pra tomar um copo d’água. Os 3 membros remanescentes convidaram o filho de John Bonham, Jason, para um show em Londres em homenagem ao dono da Atlantic Records, a gravadora que acompanhou a banda ao longo dos anos.



Os números são impressionantes. 27 anos depois do último show, mais de 20 milhões de pessoas se inscreveram para concorrer aos 18 mil ingressos. A O2 Arena nunca foi tão minúscula. No eBay, ingressos a 2 mil libras eram vendidos em poucas horas. Um fã de Londres chegou a pagar mais de 80 mil libras para ver o Led Zeppelin voltar tocar.



E o Led não desapontou. Segundo Plant, foi o melhor show que fizeram desde 1975. A banda tocou os grandes clássicos e, mesmo com cabelos brancos e muitas rugas, mostrou estar em uma forma incrível. Robert Plant já não tem mais os agudos dos tempos clássicos, mas está com um timbre único. Jimmy Page com suas incontáveis guitarras e danças características esbanja feeling no palco. O multi instrumentista John Paul Jones, não tão espalhafatoso, mas talentoso como os outros 2 ainda mostra quão fundamental é para a sonoridade das músicas do Zeppelin. Jason Bonham, na hercúlea tarefa de substituir o pai, não decepcionou. Muito pelo contrário, mostrou um talento incrível.

Acabado o show, a pergunta inevitável era se o Led Zeppelin voltaria a fazer Aquilo (sim, Aquilo com A maiúsculo). Infelizmente, para os demais milhões de fãs que ficaram de fora, a banda não mostrou interesse algum em uma turnê. O gigante botou o copo no armário e voltou a dormir. Pelo visto, para sempre.

Para os não tão sortudos de ser sorteados e nem tão ricos assim, em 2012 o show está em exibição nos cinemas e em breve será lançado em DVD/BluRay.

domingo, 14 de outubro de 2012

O Ditador - Obrigatório para todos americanos


A heróica história do General Aladeen (Sacha Baron Cohen), ditador da República de Wadiya, localizada no norte da África. Ele dedica sua vida inteira a garantir que a democracia jamais chegue ao seu país, enquanto ergue estátuas em sua homenagem e cria seus próprios Jogos Olímpicos. Quando a comunidade internacional suspeita que Wadiya está construindo uma arma nuclear, ele é intimado a se explicar na sede da Organização das Nações Unidas, nos Estados Unidos. Mas seu encontro com a democracia americana não se passa exatamente como ele esperava...  (Fonte:  Adoro Cinema)


Sacha Baron Cohen já havia chamado atenção do mundo com o magnífico Borat e o nem tão bom assim Bruno. Dois filmes que tem em comum a participação espontânea de pessoas normais (leia-se não atores) sem saber que tudo se tratava de encenação para captar suas atitudes verdadeiras e escancarar seus defeitos. Dentre eles, o mais evidente e focado: o preconceito do povo americano e seu modo de ver o mundo.  

O Ditador abusa da visão estereotipada ao criar cenários e personagens tanto árabes quanto americanos. Muitos podem achar um exagero esse tipo de generalização, mas é uma ferramenta eficaz pra que se entenda o teor da crítica de Cohen.  O modo como o totalitarismo árabe e a visão determinista americana é tratado pode sim ser exagero por parte do diretor, mas o pequeno (talvez não tão pequeno assim) fio de verdade deixa um gosto amargo a quem a crítica interessa. É um filme que todo o povo norte-americano deveria ver para despertar a vergonha pela sua mania de ver e rotular o mundo de acordo com o que sabem ou, pior, com o que não sabem.

O sucesso mercadológico de Borat e Bruno foi tão bom que, para O Ditador, o diretor foi obrigado a abrir mão do grande charme dos dos primeiros, a mistura de realidade com ficção (muitas vezes o espectador não sabe o que é o que). O motivo é prático, não seria difícil reconhecer Sacha interpretando um personagem para enganar as pessoas. Por isso o “disfarce” já não poderia mais ser usado. O charme dos dois primeiros longas de Cohen ficou pra trás, mas a crítica aos norte-americanos foi aprofundada. Anteriormente elas eram vistas como agulhadas ao modo dos ianques ver o mundo, agora são como estacas fincadas em seus punhos. Só nos resta saber se seu orgulho fará refletir mais ou se sairão do cinema comendo pipoca sem olhar por onde pisam.



terça-feira, 17 de julho de 2012

Que de fato é campeão.


Me lembro de ser palmeirense desde 96, convencido por um tio a torcer e ganhar um uniforme completo do time por isso. Até hoje espero esse uniforme, mas nunca reclamei de ter adotado o sangue verde. Muito pelo contrário...

Eu era novo e talvez ainda mais fanático pelo Palmeiras se comparado a hoje. Me recordo bem dos títulos que comemorei. Paulistão de 96 atropelando todo mundo com recorde de gols, Copa do Brasil com gol no final contra o Cruzeiro (aliás, minha avó é Cruzeirense,e ao longo da segunda metade da década de 90 travamos enumeras batalhas contra os mineiros e a rivalidade em família era gigantesca) e claro, a Libertadores e outros.

Mas a Copa do Brasil de 2012 foi especial. Pra mim, pois pude comemorar com os amigos, em uma casa de palmeirenses e extravasar contra quem secava o alvi-verde imponente no último jogo da final. Mas principalmente especial para nós, pois só palmeirenses entendem o quanto é angustiante ficar na fila por anos vendo os rivais levantarem taça e a gente a ver navios e, no máximo, rir de suas decepções. Por mais que sejamos Octo-Campeões do Brasileiro, por mais que sejamos os Campeões do Século, faltava levantar uma taça para, enfim, levantarmos cabeça, bater no peito e voltar para onde nunca deveríamos ter saído.


Não vou falar de cada jogador ou sobre o jogo (para isso aconselho a leitura do texto de Alex Cajobi Augusto: http://atorcidacomenta.blogspot.com.br/2012/07/1-seca-de-13-anos-sem-titulos-de-grande.html).

Todos foram guerreiros e honraram aquela camisa com raça e vontade. Mas quero citar um em especial. Henrique. Esse que mais me deu orgulho ao longo dos quatro últimos jogos do campeonato e fez com que nosso hino fosse não apenas um hino, mas um mandamento.
“Defesa que ninguém passa”


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Por trás do McDonald's.


O McDonald’s lançou um vídeo na internet o qual responde uma dúvida uma consumidora sobre como são feitas as fotos de seus lanches. No vídeo, uma equipe revela detalhes de como o produto é montado e sua foto é maquiada para sair perfeita para a publicidade. O viral teve uma imensa e rápida propagação pela web.


Existem muitas lendas quando se trata de McDonald’s. Ninguém sabe do que realmente é feito seus hambúrgueres, se usam frutas transgênicas, carne de cavalo alado ou drogas para viciar o consumidor. Isso, de certa forma, é ruim para a marca. Aqueles ferrenhos anticapitalistas podem usar todo esse mistério como argumento para alfinetá-la pelo mundo a fora.

Acredito que seja esse o motivo desse vídeo (não sei se há outros vídeos tirando dúvidas dos consumidores pra poder chamar de campanha), mostrar que não existe nada de tão secreto no mundo McDonald’s. Se repararmos, apesar da única preocupação com a aparência, eles usam produtos de verdade. Queijo, hambúrguer, salada, picles. Nisso, mostram que apesar de muito mais bonito que o que você compra, os ingredientes e o sanduiche são de verdade.



Muitos podem criticar o McDonald’s por esse vídeo, dizendo que eles enganam as pessoas com imagens e afins. Caso você seja um deles, me responda: quantas vezes você abriu seu Big Mac e ficou surpreso porque o sanduíche não tinha exatamente a mesma aparência da foto? Faça-me o favor...
Outros podem criticar o vídeo por causar uma imagem negativa à marca, causando a queda das vendas. Caso você seja um deles, me responda: você não namoraria aquela gata da Playboy porque suas fotos são tratadas? Faça-me o favor...

terça-feira, 22 de maio de 2012

House – Eu órfão novamente.




A primeira e última vez que uma série me deixou órfão nesse planeta de esporádicos lapsos de entretenimento de qualidade foi com Lost. Mesmo não sendo tão fã assim a ponto de não dormir para ver um novo episódio, House me fará falta também.

Pra quem conhece a série, descrever o personagem principal é tão difícil quanto desnecessário. Pra quem não conhece Dr. House, é um antipático, arrogante, viciado... (poderia ficar o dia todo dizendo seus defeitos) mas mais do que tudo, um gênio da medicina que jamais abre mão de seus ideais e que constantemente infringe leis para que os mesmos sejam resguardados. Comparável a sua capacidade intelectual e de observar detalhes é sua força de vontade em obter respostas lógicas para tudo. Nesse caso, descobrir diagnósticos para doenças em que só ele poderia ser capaz de fazer.

Instruir seus subordinados a fazer tudo que for possível (tudo mesmo, incluindo invasão de casas) para salvar a vida de seus pacientes nos faz pensar que Dr. House é um altruísta que vive por salvar vidas. Ao mesmo tempo em que procurar respostas para solucionar a doença  que matou uma criança 2 anos atrás a ponto de exumar seu corpo para obter provas, nos leva a crer que o médico é apenas que um investigador com fome de respostas, nada mais.

O que ele é a final? Nenhuma nem outra. House é uma série que mostra que a realidade de maniqueísta não tem nada. Ninguém é bom, ninguém é mau. Um personagem extremamente anti-social por vezes recorre aos companheiros de trabalho para uma noitada de bebidas; um médico dotado de valores mata um paciente ditador genocida; alguém que nunca mente um dia aprende fazer. Isso é a realidade.
Tudo na série, assim como no mundo, é uma constante busca sobre quem somos, o que queremos ser e o quão longe vamos para termos o que queremos. A pergunta que paira no no final de cada episódio é: Existe limite para conquistar meus objetivos?

House é uma série memorável com um personagem brilhante. Vai deixar saudades.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Dizem que sou louco...

Pode não ser a propaganda mais criativa de todas, a mais engraçada ou a mais impactante. A cerveja não tem o mesmo glamour internacional que outras de renome. O futebol também não é nenhuma Liga dos Campeões. Mas quem liga?

Dizem que o Brasil passa por uma crise de criatividade nas propagandas televisivas, mas o que penso é que estamos deixando de fazer peças para ganhar prêmios para vender mais, o que importa realmente para o cliente. E é o que realmente importou tanto para a África, idealizadora deste comercial e para a Brahma.

Eu, como torcedor e apreciador de cerveja (na maioria das vezes simultaneamente) me vejo na pele de cada um desses torcedores idiotas do comercial. Mesmo sendo estudante de Publicidade caí feito um patinho no conceito da peça a ponto de me sentir orgulhoso de tomar uma Brahma enquanto assisto meu time jogar (mesmo ultimamente não me dando muito orgulho). Gosto tanto dela que meus amigos até repararam que sempre canto junto. "Dizem que sou louco...". É emocionante.
 

Atualização 10/05/2012

Não acredito que deixei de mencionar sobre a música de fundo, que toma ares de oração pelo narrador e canto de torcida ao mesmo tempo. A linda Balada de Louco do mais genuíno rock brazuca possível, Os Mutantes.
Valeu Richard!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O pior país do mundo.

O documentário pode até ser um pouco antigo, mas provavelmente está atualizado às condições atuais do país mais fechado do mundo, a Coréia do Norte.



É incrível como a Coréia do Norte parece estar em outra dimensão em relação ao resto do mundo. Distorcem fatos, escondem sua realidade para mostrar ao mundo que é um país perfeito e tentam ensinar aos turistas a história mundial a ponto dos mesmos se perguntarem se pensam que são idiotas.

As crianças, meros fantoches forçadas a sorrir, mais parecem animais de circo condicionados a repetir gestos, falas e sorrisos. É triste vê-las em movimentos tão perfeitos e gestos calculados. Sinal que sua educação básica nada mais é que uma iniciação ao militarismo. Aprendem a ler e escrever e ao mesmo tempo obedecer, marchar e adorar seu deus ditador.

O que me perguntei, após ver o documentário, foi como os cidadãos comuns deste país devem imaginar o mundo. Óbvio, eles vêem como são doutrinados a fazê-lo. Os EUA maus, a China o vizinho gente fina, a Coréia do Sul como o inimigo da escola e o mundo como um bairro estragado, sendo seu país, a casa de família feliz. Como a informação lhes são arbitrariamente proibidas, o regime pode mostrar uma outra realidade, como uma Coréia próspera e o resto do mundo falido. Uma outra geografia, um outro tempo. Isso me incomoda muito. Saber que pessoas da minha idade não têm direito de ler uma revista ou assistir um telejornal. Se um dia o regime vier a ruir e esses cidadãos serem livres, o maior exemplo de Mito da Caverna surgirá em pleno século XXI (ou XXII, XXIII...)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O começo do fim.

Desde 2003, ano na guinada da minha vida, penso nos próximos meses que virão nesse ano de formatura. Naquela época ainda não queria ser publicitário (acho que sequer sabia do que se tratava), mas sabia que queria algo. Desde 2007 estudo publicidade. Mudei de faculdade, mudei de cidade, mudei de estado, mas a vontade não mudou e esse ano, se tudo der certo, enfim me posso chamar de publicitário.

Como tudo na vida, por um lado é bom e por outro é péssimo. Sei que nunca mais verei algumas pessoas que gosto e desde o começo do ano penso tristemente que alguns amigos de verdade dificilmente verei novamente devido a distância.
Não sinto, mas sei que mudei muito nos últimos ótimos e inesquecíveis 3 anos. Na faculdade se aprende mais que uma profissão. Aprende-se a viver, conviver, aceitar diferenças, enfrentar desafios e resolver problemas. A final, se uma faculdade que não muda o modo de pensar e viver de alguém algo a pessoa não escolheu certo. Seja o curso ou a própria instituição.

Problemas não faltaram ao longo do curso. Mesmo que desunidos desde o início, nunca fomos alunos submissos a nada. Reclamamos de professores (inclusive um caso de extermínio do mesmo) e tudo mais que era de nosso direito. Problemas como a perda de uma companheira de sala por uma fatalidade (Taisa sempre em nossos corações) e brigas, muita brigas.

Se valeu a pena pra mim? Com toda certeza desse mundo. Sei onde quero chegar e também sei que vou vencer, pois confio na minha capacidade. Mas como o mundo é essa receita de inconstâncias batidas no liquidificador, não posso prever o futuro. Se algo não acontecer como queria que acontecesse, com certeza 4 anos de faculdade serão aproveitados de alguma forma. De qualquer forma.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um exemplo a (não) seguir.



A notícia do protesto em uma rua de Frutal, onde os buracos no asfalto foram contornados de tinta branca tomou proporções nacionais. Se espalhou pelo Facebook e foi divulgado em grandes veículos de notícia on-line. Isso em 2012, em pleno ano de eleições municipais. É inadmissível para quem almeja permanecer no poder executivo da cidade, uma ampla exposição de uma ferida na cidade. Foi um tapa na cara com mãos calejadas bem dado.

Se existe algo que políticos de cidades pequenas não entendem, não aceitam e acham que seu poder está a cima disso, é o protesto popular. Vivencio isso na minha cidade, onde o prefeito por medo de uma manifestação pacífica chama a polícia e “manda prender todo mundo”. Em Frutal, a resposta ao protesto foi um só: Desespero. Em entrevista ao jornal Raio X (muito influente na cidade) a prefeita tentou jogar a culpa de tudo pro outro lado. Chamou os responsáveis pelo protesto de vândalos e que medidas seriam tomadas contra eles. Estranho, pois segundo o dicionário, vandalismo significa “Destruição de obras de arte, de objetos importantes, por ignorância, selvajaria ou falta de gosto.” Não sabia que os buracos das ruas de Frutal eram tão importantes ou belos para serem chamados de obras de arte. Pois bem...

O modo como a prefeita Ciça reagiu foi no mínimo ridículo. Houve erro grosseiro de assessoria de imprensa, algo reacionário digno de pena. O que era uma tentativa de se safar como a donzela indefesa a transformou mais ainda na bruxa da história. Um ato dessas proporções certamente tem a simpatia e apoio do povo, os protestantes são admirados e tidos como “heróis” e seu exemplo deveria ser seguido. A ação burra e reacionária da prefeita a jogou contra esse povo, que vota e a elege. Erro dela? Claro, mas onde está a assessoria de imprensa quando se precisa dela? Não é possível que algum comunicador social a orientou a dizer tamanhas idiotices. Prefiro acreditar que ela acordou de mau humor, quebrou uma unha, tomou café amargo, tropeçou no caminho, pisou em fezes e não ouvia ninguém que a norteava. (prefiro acreditar, mas...).

Eis uma resposta digna e inteligente:
“-Admiro a preocupação dos moradores com sua cidade e estamos fazendo o possível para conseguir recursos para o recapeamento das ruas. Protestar está nos direitos dos cidadãos e tomamos isso como um recado.”
Assim mesmo, simples. A resposta foi dada sem alarmes e de forma categórica. Simplesmente sóbria e sem fervor, já que a prefeita falava para um jornal, não em um palanque. Não culminaria na indignação da população e, principalmente, não a expunha ao ridículo, como aconteceu.
Para nós, estudantes de Comuniação Social, fica o exemplo a não seguir. Pois como disse Don Corleone: “Não odeie seus inimigos, isso atrapalha seu raciocínio”

domingo, 12 de fevereiro de 2012

E se fosse meu cliente (3)

Continuando a saga que ilustra a relação entre cliente e criador, seja qual área for. Arte gráfica, redação, audiovisual...
Um dos grandes problemas do senso-comum na crítica (olha que fui bonzinho na escolha desse termo) de um trabalho de criação é o frenético almejo em rebuscar o que deveria ser simples, direto e funcional. Por fim, o que deveria funcionar de forma clara para o consumidor, se mostra ineficiente e o dinheiro gasto foi pelo ralo.

A história da arte revela uma ligação íntima em relação à história do mundo em geral. De certa forma, as rupturas vivenciadas na sociedade, economia, filosofia e política refletiam diretamente no modo dos artistas pensarem e, consequentemente, criarem.

Voltemos ao século XVIII, ao neoclássico ou arcadismo. As características do arcadismo são justamente todo meu sentimento ao exagero que meus clientes tanto gostam. Era simples, direto e de fácil assimilação por todos. De modo como a sociedade relutava contra os exageros do Clero, os artistas se saturavam de todo o excesso do Barroco, escola artística dominante.

E se eu fosse um poeta do arcadismo no século XVIII?

"Mas só isso mesmo?"
"Não precisa mais que isso"
"Mas tá muito simples, você podia incrementar mais."
"Mas pra quem você quer que veja isso pode se tornar muito complicado pra entender."
" Coloca mais palavras, mais rimas. Versos decassílabos..."

E a poesia que era assim:

"Na idade que eu, brincando entre os pastores,
Andava pela mão e mal andava,
Uma ninfa comigo então brincava,
Da mesma idade e bela como as flores."

(Basílio da Gama)

Ficou assim:

Como na cova tenebrosa, e escura,
A quem abriu o Original pecado,
Se o próprio Deus a mão vos tinha dado;
Podeis vós cair, ó virgem pura?
Nem Deus, que o bem das almas só procura,
De todo vendo o mundo arruinado,
Permitiria a desgraça haver entrado,
Donde havia sair nossa ventura.
Nasce a rosa de espinhos coroada
Mas se é pelos espinhos assistida,
Não é pelos espinhos magoada.
Bela Rosa, ó virgem esclarecida!
Se entre a culpa se vê, fostes criada,
Pela culpa não fostes ofendida.

(Gregório de Matos)

Tudo isso poderia ser resumido a uma só frase: "Menos é mais". Menos exagero, menos palavras, menos cores, menos efeitos, menos fontes, menos rimas. Menos isso tudo só ajuda na comunicação com o consumidor. O simples não é sempre simplório e, como dizia nosso amigo Mogli: "Necessário, somente o necessário. O extraordinário é de mais."

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

E se fosse meu cliente? (2)

Diferentemente da capa de Dark Side of the Moon, pouco se sabe sobre a origem da estatueta chamada Venus de Willendorf. Estudos apontam que foi esculpida entre 22000 à 24000 anos. Foi esculpida em calcário oolítico, material inexistente na região que fora encontrada, o que aumenta ainda mais o seu fascínio.
Entretanto, de fascinante mesmo não é por quem ela foi esculpida, a quanto tempo e do que foi feita, mas o que ela significa para a história das artes plásticas. Diferentemente de esculturas gregas e romanas, as quais a fidelidade e a perfeição do corpo humanos são vistos a cada traço, cada curva e cada rosto esculpidos, a Venus de Willendorf carrega algo de especial. Um conceito.

E se fosse meu cliente o comprador?

"Nossa... ficou bem..."
Desta vez eu treinei o discurso para convencê-lo.
"Veja, eu sei que outros artistas fazem esculturas perfeitas, lindas e maravilhosas. Mas olha, você vai ser o primeiro do mundo a ter uma que tem uma visão diferente sobre o que é uma mulher. Vai enxergar além da beleza externa entre outras futilidades"
"Hum... mas esses seios horríveis..."
"São assim de propósito. Assim como a vagina, os seios são desproporcionais, referindo o conceito da fertilidade da mulher."
"Não gostei muito. Ela não tem rosto, não tem pés. Você podia fazer algo mais bonito...Olha esse modelo"

A Venus de Willendorf


O que meu cliente levou


O que difere publicidade de de brincadeira de sobrinhos é o fato da primeira ir além da beleza e pensar em conceitos. Criar não é enfeitar. Se você quer criar só pra deixar bonito, que vá ser decorador de festas.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

E se fosse meu cliente?

Por que não é fácil trabalhar com arte gráfica, ou qualquer outro tipo de criação publicitária? Criatividade em colapso, prazos sempre sufocantes, pagamento nem sempre justo... Sim, também. Mas o que a classe olha como o beuzebu com dinheiro se chama "cliente". Sabe aquela empresa de cartão de crédito sempre dizia que havia coisas que o dinheiro não comprava? Bem que poderiam ter feito uma dizendo que noção de estética ou publicidade estava incluso nessa.

E se meu cliente me pedisse pra criar a capa do seu novo álbum?

Rick Wright, tecladista do Pink Floyd, disse que a capa do novo álbum deveria ser simples e impactante. Storm Thogersom, designer de todas as melhores capas não só do Pink Floyd, mas de diversas outras no mundo todo, entendeu o recado e criou uma arte que é reconhecida até no lado mais sombrio da lua.
Agora coloco no lugar de Wright, um dono de mercado metido a designer/publicitário/marketeiro/piadista.
"Cadê o nome da banda e o nome do disco? Como que o ouvinte vai saber de quem é o disco?"
Lá se foi o grande charme das criações de Thogersom. O fazer o disco ser reconhecido sem nome algum. Se a banda é realmente boa, isso mais ajuda do que atrapalha.
"Olha, ficou bom, mas vamos melhorar. Esse preto... acho que não ficou bom, ficou muito fechado, parecendo velório. A gente podia usar uma cor mais viva pra dar mais destaque."
O conceito de "sombrio foi pro espaço. O cliente não vai nem querer saber se o nome do álbum tem "Lado Escuro"no meio. O que importa é o destaque.
"O que significa esse triângulo?"
Você explica todo o conceito. Diz que a luz polarizada denota a mente humana e o prisma é um fator que a influencia e evolui em diferentes maneiras (ou cores).
"Ah bem inteligente mas muita gente não vai entender... melhor colocar essa foto...".
Público alvo não é algo que o cliente sabe que existe. Pra ele o produto vai ser vendido tanto pra tiazinha que vende coxinha quanto o Stephen Hawking. Ele te entrega uma foto com nome de 300 caracteres. Do Orkut! Em resolução pífia. Você deve recortar e fazer milagres no Photoshop.
Com ele do lado, você refaz toda a arte de qualquer forma pra ele ir embora logo, coloca todos os efeitos, todos os destaques e a capa que era assim:



Fica assim:



Por fim, com os olhos brilhando de emoção ele leva para mostrar para a esposa, caso tenha sorte, é aprovado. (Ou, se você tiver esse poder, manda ele pastar e procurar um sobrinho pra fazer o serviço.)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

1/02 - Dia do Publicitário

Existem vários caminhos que levam alguém a conhecer ou estudar publicidade. Seja o filho de um dono de agência que começa trabalhar no computador desde os 14 anos, seja o estudante que não escolheu o curso até a inscrição e achou o nome do curso bonito ou então que não gosta de matemática, física, química, história, geografia e biologia. E, por incrível que pareça a você, amigo não publicitário, pessoas que querem realmente aquilo e não se imaginam em outra profissão, como eu.

O que todos esses tem em comum é mudar, ao longo do tempo, todo seu conceito de propaganda. Todo seu processo, como é pensada, planejada e executada. É aí que separamos os entusiastas e os curiosos da publicidade. Uma vez a par de pouco sobre isso (o tempo pode variar de 5 minutos de aula à 4 anos de estudos) a pessoa vê se é aquilo mesmo que ela quer, ou ela se apaixona ou corre apavorado.

Àqueles que sobreviveram ao rito de passagem, que já sabiam o que queriam e, porque não, aos “sobrinhos” do mercado, um brinde ao dia 1 de fevereiro, dia do Publicitário.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Marcos, o orgulho alvi-verde.

marcos31.jpg (371×247)

Minha memória a longo prazo é ótima. Me entendo por Palmeirense desde 1996, ano em que aquela máquina de fazer gols trucidava adversários com goleadas constantes. Me lembro de um 8x0, alguns 6x0 e vários 4x0 e levamos um Paulista. Em 97 chegamos na final do Brasileiro e perdemos, minha primeira grande decepção. Em 98 ganhamos a Copa do Brasil e, a partir daí, eu era mais torcedor, mais fanático, surgiu de verdade uma paixão e, mais do que isso tudo, surgiu um ídolo.
Vários gols me vêem à cabeça quando tento recordar da minha história de torcedor, porém o que me enche os olhos de lágrimas e o peito de orgulho são os gritos do nome daquele santo que guardou nosso gol.
No dia 4 de janeiro de 2012, Marcos oficializa sua aposentadoria. O futebol se torna agora menos carismático, menos autêntico e o amor pela camisa fica cada vez mais raro.

Obrigado por tudo Marcão. Poucos podem bater no peito e se orgulhar de ter um ídolo por mais de 20 anos no time. Eu posso.