quarta-feira, 11 de março de 2015

Futebol, vá pra casa. Você tá chato.

Ah, os anos 90. Qual fã de futebol nascido de 80 pra trás não sente saudade dos anos 90? Talvez um torcedor algum time que não ganhou nada na década pode não ter o mesmo carinho por ela, mas se lembra de momentos, jogos e jogadores históricos. A Copa de 94, Romário, Evair, Giovani, Túlio Maravilha... O que faz o futebol noventista tão especial não é só a qualidade dos jogadores. Que nada, muitos eram de comuns pra ruins, mas tinham algo que faz uma puta falta no futebol gourmet de hoje: personalidade e irreverência.
O futebol moderninho tem craques velozes, habilidosos, especialistas em esquema táticos, famintos por aperfeiçoar os fundamentos... Blá blá blá. Trocaria ver um jogo no Allianz Arena com Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar por uma pelada num society com Edmundo, Amaral e Júnior Baiano. Sério? Sério. O futebol deixou há tempos de ser divertido ao torcedor. Campeonatos de pontos corridos e bons mocinhos táticos transformaram o esporte mais popular do mundo em algo científico, pomposo e chato. Fiz uma lista do quão especial foram os anos 90 pro futebol:

Copas da Mundo.
As copas de 90 e 94 tiveram seus capítulo que jamais veremos novamente.
A de 90, a água batizada que a Argentina deu ao Brasil. Que genial, que mágico! Imagina só se hoje em dia isso aconteceria. Jamais!
Em 94 a seleção brazuca teve um baixinho (que falarei depois) carregando um time de pedreiros nas costas e deixando o pobre Galvão Bueno rouco de tanto gritar "é tetra". Foi uma copa ímpar: Maradona pego no dopping, Colômbia entrando como uma das favoritas, Bulgária dando trabalho. Sem contar jogadores de pura personalidade cabeluda, como o americano Lalas, os colombianos Higuita (que também falarei depois) e Valderrama.

Jogadores
O que Edmundo, Romário, Túlio Maravilha, Paulo Nunes, Viola, Djalminha e mais outras dezenas que dá até preguiça de pensar tinham em comum? Personalidade e irreverência. Não eram objetos de estudo da ciência, não eram clientes de uma agência de marketing: Eram o espetáculo, a diversão. Sabe quando dizem que mulher não gosta de rapaz bonzinho e prefere os bad-boys? Vale pro futebol. Os politicamente incorretos de 90 que seriam crucificados pelos STJD's do mundo fazem muita falta.

Romário nunca gostou de treinar e mesmo assim foi um dos melhores da história. Tinha faro de gol, deixava pobres jogadores mais vesgos ainda (pobre Amaral) com um drible e ganhou praticamente sozinho uma copa. Hoje o ultra-metrossexual Cristiano Ronaldo vive de treinos, aperfeiçoamento de condição física e olhadas no telão, porém jamais será metade do que o baixinho foi.

Treino? Concentração? Quem precisa disso?


Edmundo parecia tanto um cachorro raivoso que o apelidaram de animal. Era irreverente e não tinha medo de zagueiro de fazenda de 2m. E, claro, era um atacante de extrema eficiência.

Ah, como faz falta esse espetáculo:


Higuita. Quando penso o quanto a personalidade faz falta no futebol, me lembro logo desse colombiano louco. Não houve e duvido muito que haverá um jogador tão irreverente e divertido quanto René Higuita.

Pergunta se o Higuita data entrevista com os olhos cheios de lágrimas depois de uma derrota...



Túlio Maravilha. Só um vídeo resume a esse ícone do futebol (o segundo gol, de calcanhar)


Existem muitos mais noventistas que deixaram saudade. Mas esses 3 mereceram menção honrosa em qualquer lista de ode ao futebol clássico e bom de se ver. Além de personalidade, algumas características futebolísticas também fazem falta: Zagueiros de 1,90m com cara de fome (não esses que tiram foto mostrando língua no Instagram), pra botar medos nos atacantes e meios-campos criativos (Ganso, você era um fio de esperança. Pena que esqueceu de tomar o vermífugo). Também mais carrinhos, chutes pra onde o nariz aponta, dedo no olho, cotovelada na costela, empurra-empurra na área...
Falta mais espetáculo no lugar da ciência. Volta pra casa, futebol.



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