Lulu em uma primeira audição é estranho, na segunda continua estranho e na terceira você tem a certeza de que é veementemente estranho. Isso é ruim? Sim. Não. Talvez. A capacidade de assimilação dessa obra sem precedentes varia de acordo como o ouvinte digere experimentalismos exacerbados e, principalmente, o modo como Lou Reed canta.
A sonoridade é, em partes, o que o Metallica tem de melhor. As guitarras soam magnificamente se analisarmos os riffs. São riffs fortes, diretos e com uma pegada que poucas bandas, ou quase nenhuma, são capazes de criar. A bateria marcante e esporádicos vocais de James nos dão noção de que realmente é o gigante do heavy metal por trás daquela magnífica barulheira. O que foge é a repetição desses mesmos riffs ao longo da música, o que não se nota em seus trabalhos propriamente ditos. O que, pra mim não é problema algum.
O vocal, ah o vocal...
Os não familiarizados com Lou Reed devem se perguntar porque diabos esse cara conversa tanto e não canta. Quanto a isso, realmente não posso responder. Seria o mesmo que me perguntar porque Axl Rose rebola tanto ou a Madonna pensa que o microfone é um falo. Claro, levemos em consideração também que Lulu é baseada em uma obra de teatro e o que Reed faz é cantar como se tivesse recitando ou atuando em um. Como fã de Valvet Underground, levemente acostumado com isso, pra mim foi um prato cheio. Ponto pra Reed também na composição das letras, verdadeiras obras de arte.
Não posso ser considerado um fã ferrenho tr00 from hell de Metallica, mas sou um grande apreciador de heavy metal. Fã do tipo que toma uma cerveja, ouve uma guitarra distorcendo um belo riff, olha pra cima e fecha os olhos a ponto de sentir a vibração daquilo que entra pelos ouvidos. Porém, mais do que metaleiro, sou um apreciador do que o ser humano é capaz de produzir. A inspiração, a arte e o desejo de mudar o curso das coisas, de mudar e mudar. Artista que vive estagnado é apenas cover de si mesmo. O Metallica tem a característica que admiro muito em qualquer artista: A gana de experimentar sem medo, novos e tortuosos caminhos. Erram feio, como em St. Anger, acertam genialmente como Black Album e, em Lulu, a banda fez mais do que caminhar pela estrada do peculiar, ele criou uma nova estrada e, provavelmente escondeu o mapa.
4 comentários:
Eu não curti, achei as letras muito boas, mas as músicas (como conjunto) não. A única música que eu achei menos enfadonha foi a Junior Dad, que é a maior também.
Eu tive medo da boneca :~~
[...]ele criou uma nova estrada e, provavelmente escondeu o mapa.
Ainda bem que eles esconderam o mapa!
E tomara que ninguém mais faça algo parecido com isso.
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