sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ummagumma - O queijo mofado com vinho seco.



Ummagumma, ah o Ummagumma. Último álbum no mundo que indicaria a alguém ouvir de imediato, assim, na lata. Sabe aquelas manias que os ricos tem de comer queijo mofado com vinho seco? É parecido com alguém ouvir Ummagumma. É musica de rico pomposo? Não e sim. Qualquer um pode ouvir música e assimilar suas essências, porém o rock progressivo, em si, aos poucos se tornou música para estudiosos e especialistas em música até o punk resolver devolver o rock ao povão.

Mas a comparação do queijo mofado e o vinho seco com Ummagumma vai além do gosto pessoal de quem o prova. Devemos levar em consideração a preparação dos sentidos para entender o que vai ser provado para poder ter discernimento e julgar sua qualidade. Não digo que apenas entender o que se passa no álbum garantirá um nirvana aos ouvintes, porém, tenho absoluta certeza que por chegar até aqui na leitura, você é fã de Pink Floyd e as chances de ter o “paladar auditivo” para o álbum são bem grandes. Enfim, era com você que queria falar.

O ano era 1969, o Pink Floyd já não tinha mais Syd Barret pelos motivos que todos sabem e Ummagumma vinha ser o primeiro álbum oficial da banda sem seu primeiro motor criativo. Até chegarem às suas obras máximas em termos comerciais e criativas, como Dark Side of The Moon, Animals e The Wall, os Floyds ainda teriam uma imensa provação, sendo o Ummagumma a porta de entrada.

O Pink Floyd em 1969 não era a banda que provavelmente o mundo conhece hoje caso o interessado não for a fundo na pesquisa de suas raízes. Roger Waters não mandava em tudo e não criava discos conceituais. Gilmour também não compunha seus solos arrepiantes e o feeling transbordando o vinil só veio alguns anos após, embora esse venha a se destacar no álbum. Ummagumma possui 12 faixas, as quais todas foram compostas por um único membro da banda, o que dá a impressão de que cada um se virou pra fazer sua parte sozinho, sem meter o nariz na composição do outro.

As 4 partes de Sysyphus é um conjunto de solos mal humorados de Rick Wright e uma bateria mais aborrecida ainda. A linda Grantchester Meadows, composta e cantada de Waters, é a primeira música “de verdade” do álbum. É seguida de barulhos de macacos e animais em fúria que o mesmo Waters ousou chamar de música. Já Gilmour, mostra um pouco do que vinha a ser o Pink Floyd nos próximos anos por compor as três The Norrow Way. A primeira é um leve violão; a segunda um pouco mais sombria abusando dos efeitos eletrônicos e a terceira e na última -a melhor música do álbum- enfim mostra sua maravilhosa voz. O álbum acaba com as 3 composições de Nick Mason com solos de bateria mais aborrecidos ainda. Algo mais parecido com passagens de som do que música.

Ummagumma é um álbum sombrio do Pink Floyd. Daqueles esquecidos pela banda que jamais tem suas músicas tocadas ao vivo por nunca se tornarem um hit ou cair no gosto do fãs. Aconselharia fortemente a ouvir tudo da banda, antes e depois, para preparar os ouvidos e a mente e viajar.
Mas Rafael, Ummagumma é bom?
Não sei, você gosta de queijo mofado com vinho seco?

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