quarta-feira, 31 de março de 2010

Violência gratuita: Sertanejo Universitário.

Não, eu não nasci no país errado, ou na época errada (no planeta errado eu posso até pensar). Eu só nado contra a correnteza musical da nossa pobre cultura. Ou melhor, da nossa cultura pobre. (E que fique bem claro o tipo de cultura que eu estou falando).

É tão fácil criticar a cena atual da musica brasileira em evidência, que eu nunca me interessei em fazer isso. É como bater em um bêbado cego e paraplégico. Isso que temos como música é tão frágil quando este citado. Música frágil feita por artistas frágeis, estas que são tão admiradas por pessoas com discernimento frágil.

Não se pergunte o porquê de envolver quem dá audiência a esses artistas, os fãs dessa verdadeira poluição sonora são peças cruciais para o funcionamento do nada complexo nicho musical brasileiro. Resumindo, artista não vive sem fãs. E fãs de sertanejo pouco importam com o que ouvem. Não quero que ninguém seja um expert em música, mas entender um pouco do assunto diminuiria bastante o estrondo disso: O sertanejo universitário.

A evidência do momento no país é o que é chamado aos quatro ventos de “Sertanejo Universitário”. A fórmula é antiga e simples. Fale com alguém sobre amor, traições, abandonos, choradeira em segunda pessoa. Ou faça pior. Às vezes, intercale segunda e terceira pessoa em uma mesma estrofe, como faz o Luan Santana:
Você é exatamente o quê eu sempre quis;
Ela se encaixa perfeitamente em mim;

Lendo assim, dá pra imaginar que ao mesmo tempo em que fala com sua namorada, ele vira pro lado e fala para alguém sobre ela. É no mínimo criativo, se levarmos em conta que “terceira” ou “quinta” pessoa não é lá uma coisa que ele entenda muito.

Outra coisa que o senhor sertanejo universitário insiste é trazer de volta o mesmo estilo, mas dos anos 90 com uma roupagem mais moderna, com violas e sanfonas no lugar dos solos de guitarra depreciáveis da época. E sim, guitarra no sertanejo é antigo (Edson e Udson estão fora dessa) e viola é moderno.

Criticar de Luan Santana e companhia limitada é mais fácil e sem graça que bater em bêbado, cego, paraplégico e dormindo. Fácil porque os argumentos pra fazê-lo eclodem mais que espinha na cara de adolescente, e sem graça porque não existe algo contundente para contrariar. O máximo que um fã pode fazer é falar “gosto é gosto”, ou partir para o ataque do rock: “aquele bando de doido cabeludo que canta [barulhos estranhos] em inglês pra ninguém entender”. Após ouvir isso, e rir, resta me perguntar se é a música imbecil atual brasileira que transforma a população em vegetais estereotipados, ou pessoas que nascem assim são mais propensas a gostar desse tipo de música. Na minha opinião, é uma pergunta de duas alternativas qual não há erros.

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